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Cortiço 'Cantinho do Céu' é demolido em S.Caetano
Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
10/11/2003 | 22:14
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Desde esta segunda pela manhã, o cortiço conhecido como Cantinho do Céu, na rua Sílvia, 1.727, bairro Nova Gerty, em São Caetano, está sendo demolido. No fundo do terreno, dois barracos de madeira já foram queimados. Ainda nesta segunda, foi derrubada outra habitação coletiva localizada na rua Manoel Augusto Ferreirinha, 178, bairro Mauá, que até o final de semana abrigou sete famílias e 72 moradores. As obras fazem parte do projeto de erradicação dos cortiços denominado João de Barro, sob responsabilidade da Soma (Sociedade Beneficente Mario Chekin).

Durante décadas, o Cantinho do Céu abrigou várias famílias, que viviam em cubículos, sem condições mínimas de higiene, utilizando apenas dois banheiros – um deles sem chuveiro – e quatro tanques de lavar roupa coletivos. Uma mina d’água, que brota do terreno, era utilizada por cerca de 30 pessoas. Até amanhã, as duas casas da frente serão demolidas para que os tratores façam o serviço de terraplanagem. Em um dos imóveis mora Laura da Cruz Moreira, 60 anos, que diz ser proprietária da área. Ela vive em uma cadeira de rodas, após ter sofrido um derrame.

Na Prefeitura de São Caetano, porém, o registro apresenta o nome de Valter Pinheiro como sendo o proprietário. As duas pessoas brigam na Justiça pela posse da área de 300 m². Apesar do embate jurídico, Laura e Pinheiro concordaram com a reforma. “Os dois assinaram o documento. Não estamos invadindo nenhuma propriedade”, afirmou Mario Ronaldo Chekin, vice-presidente da Soma. Após a entrega das cinco unidades habitacionais pela Soma – uma casa térrea e quatro sobrados, os valores dos aluguéis atrasados serão pagos em juízo até que a ação de posse do imóvel seja julgada. “Nos últimos tempos, ninguém mais pagava o aluguel para a minha mãe”, afirmou Douglas Moreira, 23 anos, filho de Laura.

Trinta homens trabalhavam nesta segunda no cortiço da rua Manoel Augusto Ferreirinha. No terreno, serão construídos seis sobrados e duas casas, uma delas de três dormitórios. Os demais imóveis serão compostos por dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. Cada unidade terá custo em torno de R$ 22 mil, de acordo com Chekin. As famílias foram transferidas provisoriamente para espaço – formado por 12 casas – também na rua Sílvia.

Na quarta-feira passada, a Soma entregou a primeira habitação coletiva totalmente recuperada na alameda São Caetano, 1.336, no bairro Santa Maria, dando início ao projeto. A previsão de entrega dos dois imóveis revitalizados gira entre 20 e 25 dias, segundo o mestre-de-obras Pedro Correia, 37 anos.




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