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Alckmin é o novo alvo das Bordoadas
José Afonso Primo
Colunista do Diário
02/09/2000 | 19:13
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Com o salto de cinco pontos percentuais na pesquisa do Datafolha, rigorosamente empatado nos 13% com Paulo Maluf (PPB), na frente de Luiza Erundina (PSB-12%) e de Romeu Tuma (PFL-10%), Geraldo Alckmin (PSDB) só dá alegria para os tucanos na eleiçao paulistana. Alguns até se arriscam a dizer que o candidato pessedebista cresceu muito antes da hora. Mas, na verdade, falta menos de um mês para a eleiçao, e o tempo passa rápido. Nao é à toa que os adversários começaram a atacá-lo duramente.

Geraldo Alckmin já começou ser o grande alvo nesta fase da campanha, mas a briga pela outra vaga no segundo turno - já que Marta Suplicy (PT) parece consolidar sua posiçao a cada nova pesquisa - está levando o bloco intermediário a um confronto dos mais duros na eleiçao para prefeito de Sao Paulo. Todos atacam todos, indistintamente, e ninguém se sente seguro a esta altura do processo eleitoral paulistano.

Paulo Maluf, Luiza Erundina e Romeu Tuma, no entanto, estao muito preocupados com o salto de Geraldo Alckmin na pesquisa. Depois de subir no Ibope, o tucano deu um pulo de cinco pontos percentuais em quatro dias no Datafolha, passando de 8% para 13%. Foi o suficiente para que seus adversários iniciassem o bombardeio. O candidato do PPB saiu na frente, acusando o concorrente do PSDB de ser "o pai da violência no Estado, das rebelioes da Febem e dos pedágios".

A acusaçao de Maluf se baseia na condiçao de vice-governador de Alckmin. Na opiniao do pepebista, o tucano esconde que é companheiro do governador Mário Covas, portanto responsável pelo aumento da violência e dos pedágios. No primeiro caso, porque nada fez para mudar o quadro da segurança pública e, no segundo, como presidente do Programa Estadual de Privatizaçao, atuou diretamente na concessao das estradas para a iniciativa privada. A disposiçao dos malufistas é de continuar "batendo" firme em Geraldo Alckmin, para impedir que Paulo Maluf seja ultrapassado pelo candidato do PSDB.

No comitê de Romeu Tuma, a idéia é de que o tucano passará a ser o foco das críticas de todos os adversários, que vao fazer de tudo para vincular sua candidatura ao governador Mário Covas, cuja popularidade é baixa. Tuma vai questionar também a segurança pública, tema que domina mais do que seus concorrentes. O xerife se prepara ainda para levantar o problema do aumento dos pedágios no debate do qual vai participar nesta segunda-feira junto com os demais candidatos à Prefeitura paulistana na TV Bandeirantes.

É visível a intençao do programa de televisao do candidato tucano de evitar a vinculaçao do vice Geraldo Alckmin com o governador Mário Covas e o presidente Fernando Henrique Cardoso. Se Covas e FHC estivessem com o prestígio alto, certamente a imagem de ambos já estaria associada ao candidato na TV. Por mais que Alckmin diga que nao, o próprio Covas já admitiu com muita franqueza que pode atrapalhar a campanha do concorrente do PSDB. O que se dirá de FHC?

Torna-se um consenso a avaliaçao segundo a qual Geraldo Alckmin vai indo muito bem na televisao. Transmite a imagem de seriedade, fala com segurança e serenidade, passa a sensaçao de que cuidará da cidade como nenhum outro faria. Nas entrevistas, nao se refere nem de longe às questoes nacionais, como o desemprego, por exemplo, e diz que vai trabalhar com o governo do Estado para diminuir os índices de violência na cidade.

Se confirmar a curva ascendente, no entanto, Alckmin nao terá sossego. Levará bordoada de Maluf, Tuma, Erundina e Marta. E a campanha, que no começo dava sinais de polarizaçao entre o pepebista e a petista, pode mudar de rumo. Por enquanto, os estrategistas da campanha de Erundina entendem que nao devem buscar o confronto com o vice-governador. Segundo Francisco Malfitani, o marqueteiro da candidata socialista, Alckmin disputa os votos da classe média com Marta Suplicy, e nao com Luiza Erundina.

O pessoal de Marta Suplicy acha que é cedo para provocar o confronto com Geraldo Alckmin, mas se este ameaçar ir ao segundo turno, o PT vai espalhar aos quatro ventos que ele é da turma de FHC, responsável por essa política econômica que desemprega trabalhador, e do Covas, um governador que nao cuida da segurança pública nem das questoes sociais.




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