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Empresários também dao 'tratos à bola'
Marcelo Mazuras
Da Redaçao
08/07/2000 | 17:35
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   A mais recorrente tirada da rica fraseologia do futebol brasileiro é aquela: "O futebol é uma caixinha de surpresas". A sacada, que infestou os sábios comentários dos antigos comentaristas do rádio, tem lá suas razoes de ser. Dá para imaginar uma feroz dividida envolvendo o meia-esquerda Paulo Cesar Ferrari, um dos sócios da maior agência de publicidade da regiao, a Octopus, e o lateral-direito Ademir Silvestre, um dos mais importantes assessores do prefeito de Sao Bernardo, Maurício Soares?

O termo dividida aqui nao é nenhuma metáfora. Trata-se, isso mesmo, de uma disputa de bola na lateral de um gramado. "O pior é que ele reclamava das minhas entradas na canela. Alguém já viu um meia talentoso bater em lateral?", diverte-se Ferrari. Ele e Silvestre tentaram a vida como jogadores profissionais, e se enfrentaram nos tempos de juvenil.

Ferrari, antes da publicidade, teve passagens por equipes como o Saad, de Sao Caetano, e o Juventus. Acabou tendo de optar por outros caminhos profissionais, já que nao sobrava tempo para os estudos e a bola. Mas até hoje, quando encontra uma brecha na agenda, um de seus prazeres favoritos é a disputa de uma partida de futebol society. "Ali, no campo, é que eu esqueço dos contratempos, além de rever os amigos e dar um bocado de risadas com as mancadas do pessoal", resume.

É claro que o tempo cobra seu pedágio desses boleiros de fim de semana. A silhueta nao está tao esguia, e os joelhos e calcanhares teimam em sentir antigas contusoes. Luiz Borelli, dono da Transportadora Borelli, de Sao Bernardo, anda no chamado estaleiro, como diz a gíria da bola. "Tô quase zerado, já que meus meniscos nao aguentaram e eu nao os operei." Mesmo assim, ele nao dispensa uma participaçao especial nos rachoes promovidos por seus filhos nos finais de semana no Guarujá.

A proliferaçao de quadras de grama sintética, em toda regiao, facilitou os encontros com o mais popular dos esportes brasileiros. Jogar futebol faz parte da agenda de boa parte dos executivos e empresários, mesmo que seja apenas pelo prazer de passar vexame e relembrar os bons tempos de garoto. Sérgio Menezes, empresário de Sao Caetano, teve de enfrentar uma delicada cirurgia na coluna. Mesmo assim, entra em campo todo sábado. "Nem que seja para andar atrapalhando todo mundo."

Uma das grandes festas da bola é o bate-papo antes, durante e depois do jogo. A confraternizaçao acaba sendo mais importante que os chamados benefícios da atividade física. Ferrari, por exemplo, sempre que pode participa dos jogos promovidos pelos funcionários de sua agência. E sua equipe nao perde a chance de provocá-lo, dizendo que o chefe, além de nao correr para defender seu time, também se faz de juiz em todas as partidas, decidindo o que vale dentro do campo.




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