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Plano atenderá usuários de álcool
Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
22/11/2003 | 18:43
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Até o dia 15 de janeiro, uma comissão coordenada pelo Ministério da Saúde deverá entregar à Presidência da República um plano de atenção integral aos usuários de álcool. As propostas, solicitadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em maio, devem ampliar a rede de cuidados e melhorar o acesso à assistência e ao funcionamento do atendimento ambulatorial, semi-intensivo e de âmbito comunitário. Nesta terça, o grupo se reúne com especialistas do assunto para discutir o controle de propagandas, o acesso e a disponibilidade das bebidas alcoólicas e os danos causados pelo alcoolismo.

Em 2001, o SUS (Sistema Único de Saúde) atendeu mais de 60 milhões de pessoas com transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de álcool. Somado aos três anos anteriores, o número de doentes ultrapassa 232 milhões, segundo levantamento do Datasus. Para os cofres públicos, somente os tratamentos entre 1998 e 2001 custaram mais de R$ 2 bilhões.

“O álcool é responsável por 53% dos acidentes de trânsito com vítimas e o índice é o mesmo em atropelamentos. Isso é alarmante”, disse o coordenador de Projetos de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Godinho Delgado. Entre as primeiras conclusões, o grupo detectou o álcool como a pior das drogas. “É por isso que concordamos com o pedido do Conar de proibir a imagem de modelos que pareçam ter menos de 25 anos em propaganda, além de reduzir o limite tolerável do teor alcoólico para motoristas, proposto em projeto que tramita no Senado.” Segundo Delgado, o atual limite, de 0,6 decigramas de álcool por litro de sangue, cairia pela metade.

Propostas – Um dos resultados do trabalho do grupo interministerial é a proibição da venda de bebidas dentro e nos arredores de estádios de futebol. A fiscalização dos estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas – que para os especialistas hoje inexiste – deverá ser mais acirrada e ficará sobre a responsabilidade da Vigilância Sanitária. A venda para menores, proibida desde a década de 40, também está sendo discutida com mais rigor. Propagandas de cervejas, segundo Delgado, não serão proibidas, mas devem sofrer restrições. “Uma idéia é que não sejam transmitidas em horários diurnos como hoje já acontece com as bebidas destiladas”.

Com as restrições, o grupo espera inibir o consumo entre os jovens. “A exposição das bebidas faz com que as crianças se familiarizem com as marcas e os nomes. Passam a impressão de que beber não traz males. Pelo contrário: dão a idéia de que melhoram relações sociais e o desempenho profissional e amoroso.”

O PHD em dependência química pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que coordena uma unidade de pesquisa em álcool e drogas, concorda com a iniciativa. “As campanhas publicitárias da indústria de bebidas visam os jovens porque não conseguem aumentar o consumo entre os adultos”, disse Ronaldo Laranjeira. “Daí o surgimento das bebidas ice e light, por exemplo”. Para ele, a estratégia será favorecida pelo desaparecimento da restrição às vendas e da fiscalização. “Hoje, o acesso é fácil e a bebida é barata.”




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