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Pinacoteca exibe 'O Homem Brasileiro' de Portinari
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
20/11/2003 | 20:45
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Mais um fruto do Centenário Portinari, a série de eventos que celebra os cem anos de nascimento do mais conhecido pintor brasileiro, Candido Portinari (1903-1962), ganha forma nesta sexta na Pinacoteca do Estado, em São Paulo.

A abertura da exposição intitulada Portinari: O Homem Brasileiro ocorre às 10h. Fica em cartaz até 4 de janeiro com ingressos a R$ 4 (aos sábados, a visitação é gratuita).

A exibição traz pinturas, estudos e ilustrações do artista paulista. Como eixo da mostra, o fato de Portinari ter tratado em seus trabalhos sobretudo da representação da figura humana.

O enfoque diz respeito à construção da imagem do homem brasileiro. “A referência é ao homem que fez o Brasil, o responsável pelo desenvolvimento, que para Portinari é o trabalhador, não o latifundiário, por exemplo”, afirmou a pesquisadora Regina Teixeira de Barros, autora do texto de apresentação da exposição.

Um dos trabalhos mostrados é o óleo sobre tela Mestiço (reproduzido nesta página), de 1934, mesmo ano em que foi adquirido pela Pinacoteca e se tornou o primeiro trabalho de Portinari a integrar a coleção de um museu.

Sobre essa obra, Regina escreveu que “é um ícone desta representação, do trabalhador elevado à condição de herói do progresso econômico da nação”.

A mostra traz também duas séries do acervo do Banco Bradesco. Uma é composta por 11 estudos de cor usados para a criação dos famosos murais do Ministério da Educação e Saúde, no Rio. A outra é formada por 23 ilustrações feitas para o livro Duas Viagens ao Brasil, escrito no século XVI por Hans Staden.

Para fazer os painéis do ministério, que têm como tema os ciclos econômicos brasileiros, Portinari fez cerca de 300 estudos. “Os pertencentes ao Bradesco, dos anos 30 e 40, são os últimos criados para a feitura dos murais”, disse Regina. Nos estudos, o trabalhador braçal tem os pés e mãos agigantados.

Já a série para o livro de Staden, o marujo alemão que esteve no Brasil duas vezes, “foi censurada”, conforme Regina.

Para fazer uma nova edição de Duas Viagens ao Brasil (publicado em 1556, o primeiro relato em forma de livro sobre o Brasil e seus habitantes), o editor norte-americano George Macy pediu ilustrações ao artista, em 1941. Quando recebeu os trabalhos, Macy se decepcionou com a crueza de algumas imagens, as quais não correspondiam com as dos indígenas brasileiros que ele viu representados por Portinari um ano antes em exposição do artista no Museu de Arte Moderna de Nova York. “As ilustrações foram engavetadas”, afirmou Regina.

Portinari – O Homem Brasileiro – Exposição. Na Pinacoteca do Estado – praça da Luz, nº 2, São Paulo. Tel.: 229-9844. Abertura: nesta sexta, às 10h. Visitação: de terça a domingo, das 10h às 17h30. Ingr.: R$ 4. Aos sábados a entrada é gratuita. Até 4 de janeiro.




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