O começo foi na Casa da Palavra, com 14 bandas, e ainda no primeiro ano passou para o saguão do Municipal a fim de comportar o público que crescia. O número de atrações foi diminuindo para que o evento não invadisse a madrugada. Idealizado na comissão de música do Conselho Municipal de Cultura, o nome alude tanto à refeição quente feita com galinha como à expressão que significa dar uma chance ou, no meio musical, ceder espaço em um show para outro artista. Portanto, “dar uma canja”, aqui, tem os dois sentidos.
Na canja de galinha, o sabor é garantido pela cozinha da Craisa. Na canja musical, a programação tempera estilos. “Priorizamos músicos do Grande ABC, com trabalho mais elaborado e coisas inéditas, mas já tivemos atrações de São Paulo e até de fora do Estado”, diz Vanderlei Lopes de Faria, o Lela, um dos coordenadores. Já deram “canja”, entre outros, Kléber Albuquerque, Vasco Faé, Fegato, Uafro, K.RAM.K. e Daniel Mã (de Salvador).
Tribos e gostos musicais se misturam. “O projeto nasceu em Santo André, mas contempla músicos da região como um todo. Rappers ouvem roqueiros e etc. As pessoas se permitem ouvir o outro sem preconceito”, diz Margarete Suzano, produtora cultural e coordenadora do Canja.
Na quarta-feira, cada grupo se apresenta no tempo médio de 15 minutos. A abertura é da atriz e cantora Pierina que, acompanhada de banda, mostrará um pouco de seu trabalho solo new age. É a única atração que terá cinco minutos a mais, pois gravará um CD demo ao vivo. “No início do Canja com Canja, ninguém queria fazer a abertura porque o público ainda não havia chegado direito. Hoje, os grupos disputam esse espaço inicial porque podem, na passagem de som, acertar o equipamento para gravar ao vivo um CD demo”, diz Lela.
Rosa do Joca mostrará sambas. Rosa Fontoura Moura é casada com Joca Moura, maestro da Camerata de Choro, onde toca violão de sete cordas, e integra o regional de choro e seresta. Joca, aliás, se apresenta nesta terça-feira com sua mulher no ABC do Samba, às 20h, no Teatro Municipal. O casal fará uma homenagem ao sambista Noite Ilustrada, morto em 28 de julho deste ano. Volta por Cima, um dos clássicos do músico, estará na “canja” de quarta-feira.
As demais bandas do Canja com Canja realizam uma fusão de linguagens: Soda Cáustica (techno drum’n’bass), N’Sikelê (reggae), Abrasoul (black soul), Sincopatas (groovie) e Negócios à Parte (groovie com levada mangue beat), esta última, de Diadema, a única atração que não é de Santo André.
Outra característica que virou tradição é a canja para outros artistas, nos intervalos das apresentações. Passaram pelo espaço desde malabares e dança do ventre, até poetas declamando versos e o dançarino de rua Bacamarte, com sua performance ao lado de sua parceira, uma boneca de pano.
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