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População afrouxa o isolamento

Um dia antes do anúncio de medidas de flexibilização, que deve ser feito hoje pelo Estado, ruas do Grande ABC registram grande movimento

Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
21/04/2020 | 23:55
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Um dia antes de o governador João Doria (PSDB) anunciar plano gradual de reabertura do comércio – o pronunciamento deve ser feito hoje, com implementação a partir do dia 11 –, a taxa de isolamento físico no Grande ABC despencou, registrando queda em seis das sete cidades da região – Rio Grande da Serra não é monitorada pelo Estado. Segundo o último levantamento com base nos sinais de telefonia, realizado segunda-feira, Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá não passaram de 55% de adesão ao confinamento. A exceção é Ribeirão Pires, que alcançou 61% de munícipes isolados, ainda assim distante dos 70%, que são a meta pelo Estado. No domingo os números eram bem mais expressivos positivamente (veja na arte abaixo).

O fluxo de pessoas nas ruas, entretanto, não foi perceptível somente nos números, já que o feriado de Tiradentes – celebrado ontem – deixou praças, supermercados e parques com movimento acima do comum desde que a quarentena foi imposta, há quase um mês. Na tarde de ontem, a equipe de reportagem circulou pelas ruas do Grande ABC e flagrou a população com menos cautela diante da situação, inclusive com menor número de munícipes usando máscaras, sobretudo em áreas periféricas.

Infectologista e professor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Munir Akar Ayub avalia que, embora as cidades registrem perdas econômicas, ainda não é o momento de o governo anunciar a retomada dos serviços, sobretudo porque o País está “em fase ascendente da pandemia”, justamente pela negligência da população com a quarentena imposta pelo governo. “A infecção pelo novo coronavírus não tem tratamento comprovado até o momento e muito menos vacinas. Portanto, a única medida disponível para contenção da doença ainda é o isolamento social”, pontuou Ayub.

O especialista acredita que o momento exato da liberação das atividades deve ser avaliado dia após dia. “É claro que, como efeito colateral da medida de isolamento físico, existe uma paralisação de toda economia, e não só do comércio, mas também na procura de atendimento médico e realização de exames”, explicou.

Economista e coordenador do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Jefferson José da Conceição também acredita que a liberação dos serviços, mesmo que seja gradual, tem de ser avaliada diariamente. “Observo que o País tem uma desorganização no enfrentamento à Covid-19. Temos um governo federal que vai para um lado, estaduais, para outro, municípios seguem em terceira via, o que gera descoordenação grande, facilitando ainda que a população use de um discurso ou outro para justificar sua própria flexibilização de isolamento”, explicou o especialista.

O economista destaca que a medida tem de ter consenso da medicina. “Me questiono se os médicos estão de acordo com esta liberação parcial (que deve ser anunciada hoje). Não sou contra, mas acho que a área médica tem de nos orientar nesta ação. Se a atividade retomar, sem que os números de infectados, mortes, e estrangulamento do sistema de saúde explodam, teremos uma política bem-sucedida. Ao contrário, vamos ver que foi uma medida incorreta.”

Os prefeitos de Santo André, Paulo Serra (PSDB), e de Diadema, Lauro Michels (PV), anunciaram que também estudam flexibilização (mais informações na página 3 de Política) 




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