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Quadrilha em Mauá vende diploma falso
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
07/04/2008 | 08:01
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Uma quadrilha de Mauá vende falsos diplomas universitários e dos ensinos Fundamental e Médio. Os documentos ilegais referem-se a escolas estaduais e particulares do município. A transação é feita à luz do dia e a poucos metros da Prefeitura e do Fórum de Mauá.

O Diário comprou por R$ 500 um certificado de conclusão do Ensino Médio que diz ser da Escola Estadual Olavo Hansen, no Jardim Miranda Aviz. Entre o primeiro contato com o falsificador e a entrega do diploma foram necessários apenas seis dias. Após receber denúncia anônima sobre o comércio ilegal de diplomas em Mauá, a reportagem conversou, por telefone, no início da tarde do último dia 28 de março, com um dos integrantes do grupo, que se identificou como Alexandre.

Ressabiado, quis saber quem o indicou e somente deu detalhes do negócio pessoalmente. Mas, logo no início do primeiro encontro – no final da tarde daquele mesmo dia – perdeu o receio e começou a revelar como o esquema funciona. A todo momento, procurava contar vantagens das falcatruas realizadas. Disse ter a conivência de servidores públicos estaduais, mas não revelou nomes. Afirmou, também, fazer parte de um grupo de quatro pessoas. “É praticamente uma máfia.” Todas as conversas com ele foram gravadas.

A negociação foi realizada em um bar, a uma quadra do Paço Municipal. Para que o processo pudesse ser agilizado, Alexandre pediu uma entrada de R$ 200. Foi combinado, então, que a quantia seria entregue na segunda-feira seguinte (último dia 31), no mesmo horário e local. No momento da despedida, fez um alerta: “Não ando sozinho. Tem alguém seguindo a gente. Vai que acontece alguma coisa comigo”.

Afirmando ser professor de História e ex-funcionário da rede estadual, Alexandre contou ter trabalhado na administração municipal na gestão do ex-prefeito Oswaldo Dias (PT). “Dei aula no Mova (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos) e de História do Brasil. Trabalhei na escola estadual Mahatma Gandhi (também em Mauá), mas fui demitido”, novamente sem revelar os motivos de sua suposta exoneração.

Assinaturas - O golpista também disse que poderia fornecer um diploma universitário falso. “Se você quiser como jornalista, por exemplo, dá para arrumar. Aí preciso de duas assinaturas suas (para serem fraudadas no diploma). Dá para arrumar também um quente de Contabilidade. Custa R$ 2.500. E tem de deixar 500 de reserva, para não pular para trás.” Neste caso, o negócio não foi adiante.

O esquema ilegal surpreendeu até a responsável pela Diretoria de Ensino de Mauá, Marilene Pinto Ceccon.

O diploma do Ensino Médio só não foi entregue na última quarta-feira, como havia sido combinado, por conta de uma distração de Alexandre: ele esqueceu de solicitar a data de nascimento. Mas, no início da tarde de quinta-feira o negócio foi finalizado, com a entrega dos R$ 300 restantes e a retirada do diploma. Durante a negociação, o falsário disse ter certeza da impunidade. “Nunca deu problema nem vai dar. É que tem muita gente por trás de mim”, afirmou, sem revelar nomes.

A falsificação de documentos públicos é crime previsto no artigo 297 do Código Penal Brasileiro e prevê pena de dois a seis anos de reclusão, além de multa. (Colaboraram Leandro Baldini e Marcelo Camargo)



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