Décimo segundo título da discografia do Sepultura, o CD "A-Lex" (Atração Fonográfica, R$ 26, em média) atesta a maturidade da banda que, sem abrir mão da crueza e do peso característicos da sonoridade que a consagrou, busca desafios em projetos conceituais.

Previsto para chegar às lojas no próximo dia 23, o disco utiliza como referência um clássico literário: Laranja Mecânica, de Anthony Burgess, que ganhou versão cinematográfica igualmente clássica de Stanley Kubrick.

O livro narra a história de Alex, rapaz problemático que lidera uma gangue de delinquentes. Após ser preso, o jovem sádico e amoral é usado em um experimento que pretende frear seus impulsos de destruição. Além de remeter ao personagem principal, o título "A-Lex" pode ser traduzido como ‘sem lei'.

"Assisti ao filme no início dos anos 1980. Ele é espetacular e me causou um impacto fortíssimo na época, mas é incompleto. O Kubrick se baseou na edição norte-americana do livro que, por alguma razão, não tem a última parte, quando ele volta para a sociedade, encontra uma esposa e começa a pensar em ter uma família. No filme, parece que ele vai continuar sendo um destruidor", explica o guitarrista Andreas Kisser.

O disco é dividido em quatro partes e tem 18 faixas precedidas por vinhetas que antecipam o clima de cada fase do perturbado Alex, dos exercícios de sadismo à redenção. "Apesar da violência do livro, Laranja Mecânica fala sobre livre escolha e o respeito que a gente tem de ter com a nossa adolescência. Todo mundo pode ser relacionado a Alex, porque já fez muita m... quando era adolescente", resume Andreas.

BEETHOVEN - A paixão do personagem pela música clássica, principalmente pelas composições de Ludwig van Beethoven, não foi esquecida em "A-Lex", primeiro trabalho do Sepultura com a participação do virtuoso baterista Jean Dolabella. Acompanhados por um grupo de instrumentistas de diversas formações orquestrais de São Paulo, o grupo promove uma releitura heavy metal da Nona Sinfonia, um dos temas mais conhecidos do compositor. Repleta de nuances, a faixa teve regência de Alexey Kurkdjian.

"Antes de ser maestro, Alexey foi guitarrista de death metal e sabe transitar pelos estilos. Foi legal, porque muita gente que participou, conhecia o Sepultura e, se não tivesse o Beethoven nesse disco, ele ficaria incompleto", frisa Andreas.