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Guga rompe jejum de 13 meses sem títulos
Fernão Silveira
Do Diário OnLine
15/09/2002 | 20:57
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Gustavo Kuerten rompeu neste domingo um jejum de 13 meses sem títulos no circuito profissional do tênis. Para aumentar a festa, a conquista ocorreu diante da torcida brasileira, no Brasil Open, disputado na Costa do Sauípe (Bahia).

Debaixo de um calor escaldante, após 3h20 de um jogo equilibradíssimo, Guga virou para cima do argentino Guillermo Coria e se impôs por 2 sets a 1, parciais de 6-7(4/7), 7-5 e 7-6(7/2). Exausto, Guga ainda voltou à quadra no final da tarde para disputar a final de duplas com André Sá. Mas o brasileiros perderam por 2 sets a 0, parciais de 6-3 e 7-6 (7/1), para os descansados Scott Humphries (EUA) e Mark Merklein (Bahamas).

Foi o 17º título da carreira de Gustavo Kuerten, o quarto em quadras de piso duro – que não é a especialidade de Guga. Além de engordar sua conta bancária em US$ 74,5 mil (sua premiação em dinheiro já ultrapassa US$ 14 milhões), o brasileiro somou 200 pontos no Ranking de Entradas e 40 na Corrida dos Campeões. Nas listas atualizadas que a ATP vai divulgar nesta segunda-feira, Guga deve voltar a ocupar uma vaga entre os 50 melhores tenistas do mundo.

O último título de Guga havia sido em 12 de agosto de 2001, no Master Series de Cincinnati. A última final também foi em agosto de 2001, em Indianápolis, quando Guga teve de disputar dois jogos no mesmo dia e entregou o título para Patrick Rafter por causa de uma contusão. O jejum que Guga enfrentou entre 2001 e 2002, período marcado por uma delicada cirurgia no quadril (realizada em fevereiro, nos EUA), só foi maior que o amargado entre sua primeira conquista em Roland Garros, em 1997, e a vitória em Stuttgart, no ano seguinte – 14 meses.

A final contra Coria foi o jogo mais difícil e mais suado de Guga no Brasil Open. Durante a partida, iniciada com o sol a pino (12h15), a temperatura na quadra chegou a bater os 41 graus. Tanto Guga quanto Coria tiveram de jogar usando bonés, por causa do sol. Além das habituais trocas de camisas, encharcadas após os finais de sets, os tenistas ainda trocaram de tênis e meias durante o jogo.

Além do cansaço para os dois lados, equilíbrio e dramaticidade marcaram a decisão. Diante de um adversário exausto e com dores na perna, mas que nunca se entregou em quadra, Guga teve de salvar um match point no 3º set e levar a decisão para mais um tie breaker antes de encerrar o jejum. "Se tivesse de escrever uma novela mais dramática não dava", brincou Guga ao final da partida, emocionado com a reviravolta.

O início de Guga foi arrasador, assim como ocorreu contra o paraguaio Ramon Delgado. O brasileiro emplacou duas quebras de saque seguidas e chegou a abrir 4 a 1, com uma quebra para o argentino (3º game). Mas Coria recuperou a desvantagem e conseguiu levar o set para o tie breaker.

No desempate, o raçudo argentino conseguiu um minibreak no segundo saque de Guga e abriu 3 a 1. Sossegado com a vantagem, o argentino confirmou a vitória no 1º set em 7 a 4.

O equilíbrio prevaleceu no 2º set, sem que ninguém conseguisse quebrar o serviço do adversário até o 11º game. Coria sacava melhor que Guga e perseguia todos os golpes bem colocados do brasileiro. Quando o set estava empatado em 5 a 5, Guga conseguiu superar o saque do argentino e tomou a ponta. Ao confirmar seu serviço, no game seguinte, Kuerten empatou a partida em 1 set a 1.

A raça foi a chave que manteve os dois tenistas em pé no terceiro e último set. A quadra já estava praticamente coberta pela sombra, o que amenizou um pouco a temperatura. Mas a exaustão imposta aos dois pelo calor deu o tom. Guga juntou suas forças e conseguiu quebrar o serviço de Coria logo no 1º game. O troco do argentino chegou na oitava parcial, num momento em que a vitória parecia perto do brasileiro.

Coria confirmou seu serviço em seguida, abrindo 5 a 4, e colocou pressão sobre o saque de Guga na seqüência. Cansado, o brasileiro passou a errar mais e teve o placar em 30/40 para o adversário. Mas Gustavo Kuerten salvou o match point, confirmou o serviço e levou o jogo para mais um tie breaker. Desta vez, Guga se saiu melhor e fechou em 7 a 2.

"Foi uma semana muito especial para mim. Me superei bastante hoje (domingo) para ganhar, principalmente debaixo desse calor, e a recompensa veio. De repente se fosse outro torneio, em outro lugar, não teria tantas forças para virar o jogo", comentou. "Me dediquei muito para estar bem preparado para jogar aqui. Vencer o torneio no Brasil fez a minha adrenalina subir alto, foi um momento de emoção muito grande e que vai ficar marcado na minha cabeça por muito tempo."

Ainda em quadra, Guga fez uma homenagem comovente ao técnico Larri Passos, que não escondeu as lágrimas. "Ele nunca deixou de acreditar em mim, aliás foi sempre o que mais acreditou. É um pai para mim e se não fosse por ele não estaria aqui."

Guga voltará a jogar na próxima sexta-feira, no Rio de Janeiro, pela Copa Davis. O adversário do Brasil é o Canadá.




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