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Novos ares para o Demolidor
Fernando Cappelli
Do Diário do Grande ABC
18/01/2011 | 07:30
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Fernando Nonato/DGABC


O meio-pesado (até 79,300 kg) Jackson Demolidor Junior é mais um dos milhares de pugilistas que traduzem a estatística enraizada de dificuldades da carreira como boxeador profissional no Brasil.

Credenciado atualmente como principal destaque da equipe da AD São Caetano comandada pelo ex-campeão Servílio de Oliveira, o atleta reclama da escassez do conturbado calendário da modalidade em território nacional como principal empecilho técnico e psicológico da carreira.

"Às vezes, até sonho que estou lutando", ele brinca. "Fico muito ansioso. Ainda estou na fase de estabelecer nome no pugilismo. Preciso ter mais seqüência (de lutas). Isso só não me desmotiva porque sou teimoso, como dez entre dez pessoas que gostam do boxe", comenta o lutador, que em 2010 realizou apenas três combates. "A média ideal seria dois (combates) por mês", completa, confiante.

O saldo positivo no ano passado para Jackson foi a primeira experiência internacional, em Cancun (México) contra o lutador local Lourenzo Bautista. O brasileiro garantiu o nocaute técnico no quinto round. "Lá fora é preciso cautela e reforçar aspectos estratégicos. Os estrangeiros são cheios de manha. Mas o profissionalismo enche os olhos de qualquer um. É outro mundo", comenta.

Casado e pai de uma menina de 6 anos, Jackson ainda não vive exclusivamente do boxe. Sem patrocinadores,ainda tem de conciliar a carreira com o trabalho de metalúrgico em empresa em Santo Amaro, bairro paulista onde mora, para sustentar a família. "É difícil já ter lutado fora do Brasil e ainda não ter o devido reconhecimento. Mas quando for campeão, muda a referência", vislumbra.

Em cima do ringue, para fazer jus ao apelido, o Demolidor se destaca pela potência dos diretos e cruzados de direita disparados, com inspiração no maior ídolo, Mike Tyson "Quando estava preocupado apenas em lutar, foi um gênio. Depois, foram só problemas. Me inspiro nele tanto como exemplo positivo quanto negativo", explica Jackson, que deve lutar em fevereiro no Brasil, e em março nos Estados Unidos, contra oponentes ainda não definidos.

 

Servílio de Oliveira lamenta perda de contato com ‘Sertão'

O peso-pena Valdemir Pereira, o Sertão, foi campeão mundial em janeiro de 2006, após vencer o tailandês Fahprakorb Rakkiatgym por pontos, nos Estados Unidos. Menos de quatro meses depois, cedeu o título para o norte-americano Eric Aiken, ao ser desclassificado por desferir golpes baixos.

A partir daí, o lutador que teve a carreira gerenciada por Servílio de Oliveira (medalha de bronze na Olimpíada do México, em 1968) contraiu doença - até hoje não revelada oficialmente -, foi proibido de lutar, abandonou a vida em São Caetano e voltou para a cidade natal Cruz das Almas, na Bahia, onde hoje vive como zelador de um ginásio, praticamente anônimo.

"Ele (Sertão) esqueceu que um campeão não se faz sozinho e começou a criar problemas. Quando soube da doença, foi um caos. Mas não precisava ser assim. Disseram que ele sequer se despediu dos filhos em São Paulo para viver recluso na Bahia. Sentimos a falta dele, lamento bastante não termos mais contato", afirmou Servílio, que mantém o pôster do ex-lutador na academia da AD São Caetano.

Não se sabe ao certo qual tipo de doença acometeu Sertão, hoje com 35 anos. Na época (2007), foi cogitada hepatite C ou Aids. O próprio ex-atleta, em entrevistas recentes, segue sem revelar ou comentar o assunto.




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