A partida é um poema de John Milton (1608-1674), Sérgio de Carvalho construiu a dramaturgia na sala de ensaio, com os atores e o diretor. O espetáculo estreou em 1992, na Igreja de Santa Ifigênia, em São Paulo, e provocou polêmica junto a fiéis. Desta vez, porém, a companhia não conseguiu autorização da Arquidiocese de São Paulo. “Não fomos nem recebidos”, diz Araújo.
A montagem nasceu da vontade do grupo de discutir a espiritualidade contemporânea. “A religião oficial, institucionalizada, não dava conta de todos os anseios. O ateísmo também não, nem a onda mística, o misticismo new age. O Paraíso Perdido se encontra entre esses três lugares, no meio do furacão. O espetáculo confronta até o fanatismo, a fé do desespero, dogmática ao extremo, já que sofremos perseguição na época. Esse é o dado atual. Hoje essa vertente está mais forte”, afirma.
O Paraíso Perdido “é centrado no trabalho corporal, na pesquisa do movimento. Para o Sérgio (de Carvalho) é menos uma peça e mais um roteiro com fragmentos de texto. São cenas justapostas, uma não causa a outra. É muito lírico”, diz Araújo. Além de costurar as cenas, o Anjo conduz o público. “É uma figura relacionada à do anjo caído. Também há um paralelo com o mito de Adão e Eva. A peça fala sobre seres que desrespeitaram um grande pai e foram punidas”, afirma o ator Luis Miranda, que alterna o papel de Anjo com Sergio Siviero.
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