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Mateus: o Forrest Gump do Azulão
Analy Cristofani
Do Diário do Grande ABC
29/06/2003 | 22:38
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Após a derrota para o Coritiba, sábado, por 2 a 0, o São Caetano só volta a campo no próximo sábado, contra o São Paulo, no Morumbi. Os treinos seguintes às folgas são marcados pelos treinamentos físicos. São, em média, duas horas e meia por período e o corpo cansado. Mateus vai além. Sozinho, encara a margem do campo e começa seus momentos de Forrest Gump: corre, corre e corre. O jogador, que tem facilidade em adquirir peso, sai em disparada em busca da boa forma. Ali, nos 40 minutos de corrida por treino, revive seu amor com Veridiane, como Tom Hanks, que sai sem rumo para esquecer as tristezas e o amor que sentia por Jenny.

“O desgaste é grande, mas levo na brincadeira. Aproveito para pensar na minha namorada, que está em Ribeirão Preto. Assim passa rapidinho”, disse o meia, que vê, além da necessidade de estar em boa forma, um lado positivo nessa maratona. “Pelo menos a Veridiane me ama, diferentemente da namorada do Forrest”, disse Mateus, que foi surpreendido pelo técnico Mário Sérgio comendo um sanduíche de dois andares num shopping.

Ninguém sequer se compadece do trabalho extra do companheiro. Os amigos de clube aproveitam para contar histórias e arrancar risadas uns dos outros. O técnico Mário Sérgio se mostra firme na sua decisão. “Não tenho nenhuma dó. Quero que ele se lembre de mim com raiva, mas cheio de dinheiro na Suíça. Não posso me sentir satisfeito se ele não for um vencedor, nem que para isso ele me odeie”, diz.

O treinador, aliás, gostou da idéia de Mateus de pensar na namorada para não ver o tempo passar. “É uma boa alternativa. Ele troca o trabalho no dia de folga para ficar com a namorada e vem para cá no dia seguinte para correr 40 minutos de manhã e mais 40 de tarde. O Mateus topou a troca. Ele precisa disso, sabe que precisa”.

O castigo do meia não chega aos pés dos três anos, cinco meses e dois dias que correu Forrest. Em compensação, consegue dentro de campo corresponder às determinações de Mário Sérgio, o que tem lhe garantido uma vaga na equipe titular.

O preparador físico Flávio de Oliveira apóia a decisão do treinador, elogia a determinação do atleta e garante que tudo é feito pelo bem do próprio Mateus. “O Mário tem um carinho muito grande pelo Mateus, que corre com a maior boa vontade”, afirma Oliveira, reconhecendo a tendência do jogador em ganhar peso. “Ele engorda com facilidade, mas está dentro do peso ideal. É só um complemento”.

Por esse motivo, lanche, nem pensar. E, se isso vier a acontecer, que ele tenha a sorte de não encontrar com o treinador quando de boca aberta, pronto para mais uma bocada.

Se a “vida é como uma caixa de bombons e você nunca sabe o que vai encontrar dentro dela”, como dizia Forrest Gump, o futebol, para quem abusa dos lanches de dois andares, por sua vez, já não é mais “uma caixinha de surpresas”.




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