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Avamileno revela vontade de disputar vaga na Assembléia
Leandro Laranjeira
Do Diário do Grande ABC
16/11/2008 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Ainda bastante chateado em função de não ter conseguido fazer do deputado estadual Vanderlei Siraque (PT) o seu sucessor no Paço de Santo André, o prefeito João Avamileno (PT) descartou se aposentar da política. Criticado por colegas por não dizer claramente o que pensa para o futuro, o que supostamente atrapalharia os planos de seu partido, o petista revelou, em entrevista exclusiva ao Diário, a vontade de disputar uma cadeira na Assembléia Legislativa na eleição de 2010.

"Logicamente, essa questão passará por uma discussão no PT, mas diria hoje que a minha preferência é tentar ser deputado estadual. Assim, teria condições de estar mais próximo da cidade e do Estado. Deputado federal? Quem sabe, futuramente", afirmou o petista.

Indagado sobre um possível problema interno no caso de Siraque querer lutar pela reeleição, Avamileno adiantou já ter iniciado conversas com o deputado no sentido de eles formarem uma dobrada. Neste caso, Siraque sairia a federal. "Estamos fazendo uma discussão para ver a viabilidade desta possibilidade. Mas não há nada concreto ainda", garantiu.

Para o prefeito, o revés petista na cidade após 12 anos de administração ocorreu devido a "vários fatores, os quais serão analisados em seu devido tempo". E negou ter sido o responsável direto pela surpreendente derrota, na qual Siraque perdeu votos de um turno para o outro. "Tudo o que fiz foi para acertar."

Recusando o rótulo de principal liderança petista em Santo André, apesar de "ter o cargo mais importante da cidade no momento", Avamileno avaliou que o prefeito eleito Aidan Ravin (PTB) fez promessas difíceis de serem cumpridas. "A Saúde é um problema nacional. Ele prometeu resolver. Se conseguir, ótimo. Tomara que dê certo. Mas se não der, iremos cobrá-lo", garantiu.

DIÁRIO - Com a derrota do deputado Vanderlei Siraque à Prefeitura de Santo André, o senhor se considera hoje a principal liderança petista no município?
JOÃO AVAMILENO - Não posso ser considerado o nome mais importante. Embora tenha o cargo mais importante da cidade atualmente, há diversos nomes de peso. O Siraque perdeu a eleição, mas obteve uma votação expressiva. Além disso, é deputado estadual até 2010. Não podemos descartar a própria vice-prefeita Ivete Garcia e os vereadores eleitos. Além disso, temos ainda pessoas como a Loló (vereadora Maria Ferreira de Souza), que não disputou a reeleição, mas é uma militante histórica. Dentre estas lideranças, acredito estar incluído nesta lista e apto a disputar outras eleições.

DIÁRIO - Então o senhor não pretende abandonar a política, como foi cogitado recentemente nos bastidores?
AVAMILENO - De jeito nenhum. Não penso nisso agora. Tenho saúde, um nome conhecido na cidade e uma trajetória política como poucos, sempre pautado pela ética. Sou um dos fundadores do PT e ajudei na construção do partido em Santo André, principalmente quando assumi a presidência, em um momento difícil, logo após perdemos a eleição de 1992. Fiquei dez anos à frente do partido. Por isso, não vou jogar toda essa história fora. Estou à disposição do PT.

DIÁRIO - Alguns vereadores do PT o criticam, alegando que o senhor não deixa claro o que pretende para o futuro. A idéia é disputar a eleição em 2010?
AVAMILENO - Se for para sair candidato, gostaria de tentar ser deputado estadual. Logicamente, essa questão passará por uma discussão interna no PT, mas hoje diria que a minha preferência é a Assembléia Legislativa. Assim, teria condições de estar mais próximo da cidade e do Estado. Deputado federal? Não sei, quem sabe futuramente. É outro foco.

DIÁRIO - Mas essa disposição não poderia criar um conflito interno, uma vez que o Siraque, por ser atualmente deputado, teria preferência na escolha por disputar a reeleição, por exemplo?
AVAMILENO - Qualquer candidatura acaba criando algumas divergências no partido. É normal. Mas não tem problema. O PT tem espaço para todos saírem candidatos. O Siraque é uma pessoa que eu admiro, apoiei-o para prefeito. Estamos fazendo uma discussão para tentar viabilizar uma dobrada. Ele sairia a deputado federal. Mas não há nada concreto ainda.

DIÁRIO - Embora não se considere a principal liderança do PT, é correto avaliar que o senhor seria o nome natural à sucessão municipal, em 2012, assim como foi da outra vez em que o partido perdeu uma eleição (em 1996, Celso Daniel foi novamente candidato majoritário do PT após apoiar, em 1992, o candidato derrotado José Cicote)?
AVAMILENO - Não existe nome natural, bola da vez, no PT. Um dos cotados para a eleição deste ano, por exemplo, era o Professor Luizinho (o ex-deputado federal perdeu a condição de favorito à sucessão porque não foi reeleito para a Câmara Federal após ter seu nome envolvido no escândalo do Mensalão). Ocorreram todos os problemas já conhecidos com ele, o que não tira o seu mérito como deputado, e acabou sendo escolhida outra pessoa. Até 2010 e 2012 muita água vai rolar. Podem surgir novas lideranças neste período. Agora, temos de nos preocupar em unificar o partido e fazer uma oposição construtiva.

DIÁRIO - Por que o PT perdeu uma eleição considerada ganha? Foram as prévias, má avaliação do governo, salto-alto? O partido fez uma reflexão? O senhor, particularmente, considera-se culpado?
AVAMILENO - Quando há uma vitória, todos são elogiados, especialmente os principais líderes. Os erros podem até ser discutidos, mas não com tanta ênfase. Muitas vezes são até esquecidos. É diferente no caso da derrota, quando a avaliação deveria ser a mesma. Todos tiveram a sua responsabilidade. Como prefeito, não fugirei da raia, mas não posso ser considerado ‘o culpado'. Até porque, tudo o que fiz foi para acertar. Enganos acontecem. Quanto à derrota, em si, foram vários os fatores, os quais serão analisados em seu devido tempo. Mas também fica difícil avaliar. Para ter um resultado satisfatório, teríamos de fazer uma pesquisa qualitativa na cidade para saber, por exemplo, porque perdemos votos. Temos de nos concentrar no fato de que o Aidan (Ravin, PTB) foi melhor no segundo turno e ganhou a eleição, e respeitar a vontade da maioria do povo, que preferiu mudar. É falta de respeito com o eleitor esse tipo de discussão.

DIÁRIO - Tem algum arrependimento neste processo?
AVAMILENO - Não. Fiz o que julguei ser correto. Tenho certeza que a minha escolha pelo Siraque na prévia foi abraçada pela maioria. Se a Ivete fosse a vencedora e, conseqüentemente, a candidata, teria o mesmo desempenho em tentar elegê-la.

DIÁRIO - O senhor teme que a derrota exponha mais as feridas internas não cicatrizadas e o PT fique mais desunido?
AVAMILENO - Não é a primeira prévia pela qual passamos, nem será a última. O PT terá um processo de transição normal após uma derrota. Não deveria ser, mas é normal perder. Hoje, o partido está feito uma criança cujo doce foi roubado da mão. Está chorando, lamentando ... Mas quando o novo prefeito assumir, acredito na unidade. Trabalharemos pelo mesmo objetivo, de retornarmos à Prefeitura.

DIÁRIO - Como o senhor avalia as promessas de campanha do prefeito eleito Aidan Ravin? Serão difíceis de ser cumpridas?
AVAMILENO - Algumas delas realmente não faria. A Saúde, por exemplo, é um problema nacional, não apenas de Santo André. Ele prometeu resolver. Se conseguir cumprir, ótimo. Tomara que dê certo. Mas se não der, iremos cobrá-lo.




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