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Desabrigados vivem no improviso em S.Bernardo
Sucena Shkrada Resk
Do Diário do Grande ABC
31/03/2005 | 14:56
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Três meses se passaram e os 120 moradores do Jardim Silvina, em São Bernardo, que foram retirados de alojamentos provisórios para o conjunto habitacional construído pela Prefeitura na rua Pedro Zolkzac, no mesmo bairro, ainda enfrentam os mesmos problemas de infra-estrutura. O principal deles é o abastecimento irregular de energia elétrica, feito por gerador, responsável pela queima de aparelhos elétricos. Além da energia, falta rede de saneamento básico, que é substituída por suprimento de caminhões-pipa da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), e a ausência de cabeamento para ativar linhas telefônicas.

Os moradores  se mudaram para os apartamentos ainda inacabados. Isso porque a mudança foi feita às pressas, após deslizamentos de terra na cidade, responsáveis pela morte de oito pessoas, em janeiro. As famílias estavam em alojamentos provisórios havia nove meses e deixaram os locais para que os novos desabrigados pudessem sair dos morros.

A dona-de-casa Maria José Nunes, 34 anos, foi uma das moradoras que ocupou um dos apartamentos. “Temos energia das 5h às 12h e depois, só das 16h às 24h. Deixo minha geladeira quase vazia e já tivemos de mandar nossa TV para o conserto. Vai custar R$ 90”, disse.

A geladeira da auxiliar de enfermagem Rosângela Maria de Oliveira, 39, também queimou nesta semana. “Liguei para a Eletropaulo e o atendente me disse que não existe nenhum projeto para ligar nossos prédios à rede elétrica”, reclamou. No apartamento vizinho, queimou o microondas. “Ainda pago uma tarifa mensal de R$ 41,93 para a Telefônica, de uma linha que não foi ligada”, disse a moradora Germana  Araújo, 32.

A assessoria de imprensa da Eletropaulo informou que a Construtora OAS, responsável pela construção dos prédios, encaminhou no último dia 23, um pedido para estudo da rede de energia para o conjunto habitacional, que deve ser concluído na segunda-feira. O documento será entregue à Prefeitura, que deverá arcar com as despesas. A obra deve  demorar pelo menos 20 dias. A Telefônica está verificando a reclamação e se forem constatadas irregularidades, vai ressarcir os donos das linhas.

O secretário municipal de Habitação e Meio Ambiente de São Bernardo, Osmar Mendonça, informou que a Prefeitura só vai estudar a cobrança de parcelas dos apartamentos após toda infra-estrutura ser concluída. Até fevereiro do ano que vem, ele prevê que mais um conjunto habitacional com 120 apartamentos seja concluído na mesma área do Jardim Silvina.

Creche – Apesar de os carros-pipa da Prefeitura abastecerem o conjunto habitacional e os alojamentos provisórios no Jardim Silvina, a creche Margarida, localizada a cerca de 300 metros, não recebe o benefício. “A última vez que vieram foi em fevereiro. Ligamos para a Prefeitura e para a Sabesp, mas não temos retorno. Conseguimos manter a creche com a ajuda de um empresário que nos fornece 10 galões de 20 litros de água mineral por semana”, desabafa a irmã Dulcinéia Rodrigues, responsável pela entidade assistencial.

A unidade hoje atende  a 105 crianças, de um ano e meio a seis anos, pela manhã, é mantida por ONGs (organizações não-governamentais) e não tem parceria com a Prefeitura.

Osmar Mendonça, da Habitação, informou que a secretaria só pode manter os caminhões-pipa nas áreas de sua competência. “A Sabesp deve atender à creche.” Segundo a Superintendência da Unidade de Negócio-Sul da Sabesp, as obras para abastecimento na área do conjunto habitacional estão em andamento e vão beneficiar a creche. O  atraso da interligação da rede se deve ao aguardo de uma autorização da Petrobras para a passagem de 40 metros de tubulação da rede de água pelo oleoduto administrado pela empresa.



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