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'Única exigência da Nike é a chuteira', diz Ronaldinho
Do Diário OnLine
10/01/2001 | 14:00
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O atacante Ronaldinho depôs por cerca de três horas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Nike, na Câmara dos Deputdos, nesta quarta-feira. No início do depoimento, ele confirmou que teve convulsão no dia da final da Copa de 1998, disse que foi escalado para a partida pois estava em condições normais clínica e psicologicamente e se colocou à disposição do técnico Zagallo. Ronaldinho afirmou ainda que não tem conhecimento sobre o contrato entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Nike e que nunca sofreu qualquer tipo de pressão para jogar contra vontade própria.

"Jamais participei de uma partida sem ter intenção de jogar. A Nike nunca me exigiu nada, além de usar sua chuteira, o que é o mínimo que eu posso fazer", disse, em resposta ao deputado Eurico Miranda, recusando-se a revelar detalhes sobre seu contrato com a empresa norte-americana, apoiando-se em uma cláusula de sigilo.

Diante da recusa, o presidente da CPI, deputado Aldo Rebello, determinou que o jogador participasse de uma reunião secreta com os deputados para dar mais detalhes. Segundo Rebello, Ronaldinho é obrigado a falar sobre todos os assuntos porque depôs como testemunha e não réu.

O jogador negou que tenha qualquer conhecimento sobre o contrato entre a Nike e a CBF e defendeu a patrocinadora, dizendo que a empresa deveria rescindir o contrato, em razão da polêmica que coloca seu nome em questionamento. "Esse contrato com a CBF é bom para o futebol brasileiro, mas, depois de toda essa polêmica, eu se fosse a Nike rescindiria o contrato e sairia do Brasil".

Ao contrário do que os jogadores Edmundo e Roberto Carlos informaram à comissão, Ronaldinho disse que nenhum representante da Nike participava de reuniões com a Seleção ou viajava no ônibus com jogadores. “O funcionário cuidava apenas do material esportivo da Seleção”, disse.

O dia D - Antes de contar como havia sido o dia da final da Copa de 98, Ronaldinho afirmou que se lembra do episódio com tristeza. “O episódio é triste não pelo ocorrido comigo, mas pela derrota. Eu já superei tudo isso e cansei de falar sobre o que aconteceu, mas poucas pessoas quiseram acreditar no que era minha verdade.”

O jogador disse que no dia da partida acordou bem disposto e por volta de meio-dia foi almoçar. Em seguida, retornou ao seu quarto, cortou seu cabelo, e, por volta das 13h, dormiu. Ainda segundo o jogador, quando acordou, por volta das 15h30, o lateral Leonardo o questionou sobre sua saúde. “Comecei a conversar com Leonardo sobre coisas mais importantes que jogar futebol, como minha saúde. Achei estranho o assunto. Logo depois, os médicos vieram me informar sobre o que tinha acontecido. Eu tive um estresse emocional, chamado convulsão, durante o sono, e não poderia jogar. Foi um choque muito para mim”, disse.

Ronaldinho afirmou que foi submetido a exames em uma clínica de Paris, cujos resultados não constataram nenhuma anormalidade. Ele afirmou que foi ao estádio com a intenção de jogar e que se colocou à disposição do treinador, que decidiu o escalar. Segundo o atacante, no momento da escalação houve um desentendimento e seu nome não constava da súmula do juiz, onde aparecia surpreendentemente o nome de Edmundo. “O que prevaleceu foi a minha vontade de jogar na Copa do Mundo. Fui escalado porque estava em condições normais clinicamente e psicologicamente”, disse.

Os parlamentares receberam autorização de Ronaldinho para ter acesso aos exames, que serão requisitados à CBF.




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