Cultura & Lazer Titulo
‘Odisséia’ ganha versão adaptada para jovens leitores
Danilo Angrimani
Do Diário do Grande ABC
23/06/2004 | 19:46
Compartilhar notícia


O filme Tróia, de Wolfgang Petersen, em cartaz em seis salas no Grande ABC, mostra a primeira parte de uma obra épica, Odisséia, de Homero. Conta como os gregos conseguiram destruir a cidade-estado dos troianos, graças à engenhosidade do herói Ulisses. A história foi escrita no século VIII a.C., 50 anos depois da Ilíada, também de Homero, e na qual se baseia.

Ulisses teve a boa idéia de construir um cavalo de madeira gigante e recheá-lo de soldados. O cavalo foi dado de presente aos troianos, que ingenuamente aceitaram a oferta e a colocaram para dentro de seus muros. À noite, os soldados gregos saíram de dentro do cavalo de madeira para abrir os portões de Tróia e permitir a entrada do exército invasor.

Tróia também tem como base o livro Ilíada. Já a segunda metade de Odisséia ainda não ganhou adaptação para o cinema nos moldes da superprodução estrelada por Brad Pitt. Mas se ainda não tem filme, Odisséia ganhou um novo livro introdutório. É Nos Passos de... Ulisses (Rocco, 128 págs., R$ 38), uma versão adaptada do épico pela escritora francesa Marie-Thérèse Davidson que tem como alvo o público mais jovem, e visa oferecer uma versão mais light a leitores, que ainda não se atreveram a encarar os 11 mil versos de Homero.

Odisséia narra o retorno de Ulisses para casa, para os braços da sua amada e fiel mulher, Penélope, e de seu filho Telêmaco. Penélope esperou 20 anos pelo retorno do marido e Telêmaco era ainda um bebezinho quando Ulisses foi para a guerra.

O livro tem os atrativos certos para garantir a atenção do público alvo. A impressão tem letras grandes (corpo tipográfico 18), é “fininho” e repleto de ilustrações, fotos e informações pontuais. Resumindo, é um livro bonito, com vários recursos que, na medida do possível, o aproximam da agilidade oferecida pela internet em telas de computadores pessoais. O adolescente que mergulhar no texto vai demorar apenas cerca de uma hora para concluir a leitura.

A autora fez uma adaptação correta, centrando sua atenção apenas em Ulisses e em sua longa jornada de volta para casa. Até se reunir com a família, o herói grego precisará enfrentar, entre tantas aflições e desgraças, gigantes de um olho só; uma feiticeira que transforma homens em porcos; a ira de Poseidon (o deus do mar); o canto das sereias; e a centena de pretendentes que se apossaram de seu palácio, atraídos pela beleza intocada de Penélope.

Não ficam de fora momentos de ternura, como a fidelidade do cão Argos, que esperou 20 anos pelo retorno de seu dono, para então balançar o rabo e morrer serenamente.

São momentos inesquecíveis que só a literatura foi capaz de proporcionar à humanidade, uma tradição cultural que lamentavelmente tem se perdido no culto da imagem e da velocidade, mas que às vezes ganham aliados fundamentais como este simpático – e provocador, no sentido de despertar a curiosidade – livro de Marie-Thérèse.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;