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Todo-poderoso do Circuito Anhembi

Will Power crava a pole position e parte em busca do tri em São Paulo na Fórmula Indy

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
29/04/2012 | 07:30
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Definitivamente, Will Power se sente em casa em São Paulo. Vencedor nas duas outras vezes que a Fórmula Indy esteve na Capital, o australiano da Penske cravou ontem à tarde, no circuito Anhembi, a pole position - 1min21s404 - para a prova das 12h30 de hoje (com transmissão da Band). O escocês Dario Franchitti sai em segundo (1min21s448) e o neozelandês Scott Dixon vem na sequência, em terceiro (1min21s854).

"Eu amo essa pista, amo essa torcida", declarou-se ao descer do carro o australiano. "A pole position ajuda na primeira curva, para você não entrar no meio da confusão, mas não garante nada, porque se tiver alguém mais rápido, ele vai te passar na reta. Eu sabia que seria apertado, mas é sempre muito bom quando conseguimos a pole", disse durante a coletiva, na qual tirou risos dos jornalistas ao mandar um fotógrafo sentar-se por estar na frente das câmeras. Ele brincou que já está procurando apartamento na cidade em razão do cenário positivo que encontra na pista paulistana.

Desde os primeiros treinos da parte da manhã a pole position se desenhava para ficar com Power ou Franchitti. O australiano foi o mais rápido na primeira sessão livre, enquanto o escocês foi o melhor na segunda. E o bom desempenho de ambos seguiu durante a classificação, quando Will liderou o lado par e Dario o ímpar do Q1. Assim, a definição de quem saía na frente ficou para a última volta e um erro do piloto da Chip Ganassi ajudou o da Penske a confirmar mais uma pole position no Brasil, a exemplo de 2011.

"Foi bem próximo, mas ele cometeu erro que acabou sendo muito bom para mim", afirmou Power. "Estou um pouco desapontado comigo. Cometi um erro na última volta, na curva cinco. Mas o carro está melhor do que nas primeiras provas e conseguimos boa posição de largada. Acredito que será grande corrida para a torcida e também para nós", emendou Franchitti.

 

BRASILEIROS

O desempenho dos pilotos da casa provou mais uma vez que o circuito Anhembi deixa os estrangeiros muito mais à vontade, afinal, desde 2010, quando a prova é disputada, a melhor posição de um brasileiro foi o terceiro lugar de Vitor Meira no ano de estreia. E ontem, o melhor que os tupiniquins conseguiram foi um 12º lugar com Tony Kanaan, da KV Racing. Único a avançar para o Q2, o baiano não foi além disso, mas se mostrou conformado. "Fizemos o que a gente podia. Infelizmente, não melhoramos a posição do Brasil no grid", afirmou Kanaan.

Seu companheiro de equipe e grande astro do evento, Rubens Barrichello, larga logo atrás, na 13ª colocação. O duas vezes vice-campeão do mundo de Fórmula 1 bateu na trave ainda no Q1. "Era minha quarta experiência (em treinos), mas ainda não foi a minha vez. Saí um pouco frustrado, não se consegue contar três milésimos de segundo", lamentou Rubinho. "Mas estou bem comigo mesmo", emendou ele, que projeta boa corrida. "Eu gostaria de ter meu melhor resultado (de prova) em casa", projetou o piloto da KV.

Helio Castroneves vai sair apenas na 20ª colocação. Após batida no segundo treino livre da manhã, o piloto da Penske não conseguiu ajustar o carro da melhor forma, não encontrou o ritmo ideal no classificatório e vai sair no pelotão de trás. "Perdi um pouco o ritmo com aquela batida. Estou bem chateado, porque queria largar na frente, estar longe de confusão. Mas será prova de recuperação, vou fazer o possível, porque o terreno perdido foi muito grande", comentou.

Uma posição atrás, em 21ª, larga a piloto da Andretti Autosport Bia Figueiredo, que não viu vantagem em largar à frente das outras duas mulheres que disputarão a etapa (Simona de Silvestro sai em 23ª e Catherine Legge em 25ª). "Isso não muda muita coisa. Sabemos que poderia ir muito melhor", disse ela. "Vou tentar passar alguns carros na largada, a corrida é longa e o importante é terminar."

 

 

Experiente e novato, Rubinho vira atração

Nem o tetracampeão Dario Franchitti, tampouco o líder do campeonato Will Power. O centro das atenções desde que a Fórmula Indy chegou a São Paulo no início da semana é Rubens Barrichello. Aos 39 anos e após 19 temporadas na Fórmula 1, ele se transferiu à categoria em janeiro e desde então atrai torcida, investidores e olhares dos rivais, que não apenas respeitam o veterano piloto brasileiro, como o apontam como forte adversário.

"Ainda estou vivenciando essa experiência. Aonde vou só se fala nisso. Fui à casa do Felipe Massa (na quarta-feira) para o aniversário dele e podiam falar sobre qualquer coisa por lá, mas só se falou em Indy", afirmou o brasileiro, duas vezes vice-campeão da Fórmula 1 pela Ferrari e que garante: "A diferença entre as categorias é algo bastante subjetivo". "Falar que uma é melhor que a outra foi algo criado. A Indy é tão competitiva quanto a Fórmula 1."

Apesar de toda a experiência, Rubinho não se mostra acomodado. Muito pelo contrário. "Completo 40 anos em maio e me sinto mais competitivo do que nunca, tendo de reaprender algumas coisas. Venho (a São Paulo) com aquele frio na barriga para conhecer mais um circuito, na frente da torcida. Tem sido experiência única e agradeço aos céus por todos esses acontecimentos depois de tanto tempo na Fórmula 1", disse Barrichello.

Ele não foi o primeiro e nem será o último piloto a fazer o intercâmbio entre categorias automobilísticas. Mario e Michael Andretti, Nigel Mansell, Emerson e Christian Fittipaldi, Juan Pablo Montoya e diversos outros já fizeram o mesmo, e servem de exemplo a Rubinho. "A gente se espelha nos que foram grandes nas categorias. Devo admitir que esperava que a transição fosse mais fácil, afinal o carro é novo para todos. A adaptação tem sido progressiva e tenho saído da pista com a sensação de ter dado tudo meu", afirmou. "A adaptação ao carro tem sido natural. A dificuldade é de pista. É muro para todo o lado, não dá para errar."

No dia 26, o brasileiro tem pela frente as 500 Milhas de Indianápolis, o mais tradicional circuito oval do mundo, que é novidade para Barrichello. Algo até estranho para o piloto que detém o recorde de corridas na Fórmula 1 (326 GP's). "É o próximo grande desafio, sonho, que dá frio na barriga. Juntamente com São Paulo, é a prova mais importante da temporada", concluiu. DB

 

Sob justificativas e reclamações, Helinho visa liderança do Mundial

Vice-líder do campeonato de pilotos com 104 pontos (23 a menos que o líder e companheiro de Penske, Will Power), o brasileiro Helio Castroneves chegou a São Paulo tendo de se justificar. O problema foi o acidente entre ele e Rubens Barrichello na etapa anterior, em Long Beach, quando Helinho acertou o compatriota e ambos perderam algumas posições na classificação final.

Como o ocorrido foi justamente com o novo xodó da categoria, a imprensa esperava por palavra do brasileiro sobre o caso. "Foi um incidente. Não queria acabar nem com a corrida dele nem com a minha. Pedi desculpas", disse Helinho.

Sem poupar palavras, o piloto da Penske reclamou da altura da zebra do ‘S' do Samba, local que o catapultou na segunda sessão de treinos livres, ontem pela manhã. "Quando peguei a zebra foi em cheio, parecia uma rampa, me lançou para cima", disse Helinho, que deu trabalho para seus mecânicos arrumarem o carro para a classificação, afinal as suspensões dianteira e traseira esquerdas foram quebradas.

Porém, a recomendação para o tamanho do obstáculo foi dada pelo projetista da pista, Tony Cotman, e Castroneves teve de se contentar. DB

 

‘Antes duas corridas por time grande do que todas por pequeno'

Serão só duas corridas no cockpit da Andretti Autosport, em São Paulo e Indianápolis, mas a brasileira Bia Figueiredo se sente mais à vontade e competitiva do que em 2011, quando disputou toda a temporada pela Dreyer & Reinbold. Em casa, ela não escondeu a vontade de estar em todas as provas de 2012, mas ponderou.

"Gostaria de correr todas as etapas. Por outro lado, estou feliz pela oportunidade em equipe grande, vitoriosa, bem estruturada. Acredito que disputar duas provas (pela Andretti) seja situação até melhor do que todas por equipe menor, que não desse as condições necessárias e passasse dificuldades a temporada inteira, como foi no ano passado", disse. DB

 

Kanaan torce por pista seca para evitar adiamento

No ano passado, a chuva fez com que a conclusão da São Paulo Indy 300 fosse transferida para a segunda-feira, em razão da pouca visibilidade para os pilotos após mais de quatro horas de espera no domingo. Para 2012, porém, Tony Kanaan torce por clima mais favorável, apesar de a previsão meteorológica apontar 90% de chances de chuva desde o período da manhã.

"Espero que não chova. Mas em São Paulo não dá para prever o que vai acontecer", comentou o baiano da KV Racing que, por outro lado, elogiou as modificações na pista do Anhembi para ajudar no escoamento da água. DB

 

Esquema especial para trânsito e transporte

Esquema especial no trânsito e no transporte público foi montado para facilitar o acesso ao Sambódromo do Anhembi ou para fugir dele aos torcedores que forem à Capital acompanhar a São Paulo Indy 300 hoje ou às pessoas que tiverem de passar próximas do circuito de rua paulistano.

Desde a sexta-feira, a pista local da Marginal do Tietê, no sentido Castelo Branco, está interditada entre as pontes das Bandeiras e da Casa Verde. A Avenida Olavo Fontoura está totalmente bloqueada, acessível apenas em uma via para tráfego local ou autorizado, assim como as demais ruas no entorno do Anhembi (Brazelisa Alves de Carvalho, Mello Nogueira, Anita Malfati e Professor Milton Rodrigues). A liberação de todas elas está prevista para as 23h59 de hoje.

A Prefeitura disponibilizou bolsões de estacionamento próximos do circuito, mas a melhor alternativa é ir de ônibus. Cinco linhas expressas para o local da corrida foram colocadas à disposição saindo de miniterminais temporários. São eles: Parque Trianon (Avenida Paulista), estações Barra Funda e Tietê do metrô, Praça da República e aeroporto de Congonhas. São mais de 150 veículos que começam a circular a partir das 5h50.

O bilhete de ida e volta custa R$ 10, enquanto o referente a apenas um trecho sai por R$ 7. DB

 

 

Massa, Serra e Kassab roubam a cena em dia agitado em SP

Os portões do circuito Anhembi abriram às 7h de ontem e o público, timidamente, começou a chegar. Para o treino classificatório, porém, as arquibancadas já tinham presença de bom público, apesar de não chegar próximo à metade dos 40 mil torcedores que são esperados para a corrida, hoje. Os dois treinos livres foram bastante acirrados. A sessão classificatória também foi muito disputada. Sem contar os carros de turismo da Top Series, que teve a realização de etapa ontem e levou à pista Ferraris, Porsches, Mercedes, Lamborghinis e outros carrões de encher os olhos.

Alguns torcedores com acesso aos boxes puderam ver mais de perto as máquinas e os pilotos. E, de repente, se depararam com Felipe Massa, que foi visitar o amigo Rubens Barrichello. O piloto da Ferrari elogiou o maior contato que a Indy disponibiliza ao público em relação com a Fórmula 1.

"É mais legal, porque consegue entrar e ficar junto", afirmou Massa, que colocou os fones de ouvido para acompanhar os treinos livres e depois bateu longo papo com Rubinho. "Ele está tranquilo, feliz com o carro. Correr no Brasil, para um piloto brasileiro, não tem coisa melhor. É muito especial sentir o carinho da torcida."

Quem também marcou presença foi o ex-governador José Serra, que viveu experiência diferente. "Pilotei no simulador. É uma coisa tensa e te dá 50% de sensação de estar na pista", disse ele, acompanhado pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD).

No início da noite, os pneus deram lugar aos tênis. Isso porque milhares de atletas invadiram a pista para a Indy Run, corrida a pé com aproximadamente oito quilômetros, ou seja, duas voltas no circuito do Anhembi. DB

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




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