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Escolas do Grande ABC vacinam contra violência
Claudia Rolli
Da Redaçao
29/05/1999 | 18:45
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Uma vacina contra a violência será distribuída para 10 mil alunos, pais e professores de dez escolas de Santo André na próxima terça-feira, dia 1º, a partir das 10h. A iniciativa faz parte de uma série de açoes, de caráter preventivo, que serao realizadas por um grupo de escolas que pretende chamar a atençao do governo estadual para a falta de segurança no Grande ABC.  

De acordo com o diretor da Escola Estadual Nadir Lessa Tognini, na Vila Floresta, Paulo Franco, 40 anos, o movimento surgiu porque os problemas enfrentados sao comuns nas instituiçoes: professores ameaçados, alunos agredidos, assaltos, invasoes, e falta de funcionários para controlar os alunos e, conseqüentemente, atos de violência.  

"Gotinhas de água, como a vacina Sabin, serao aplicadas para simbolizar o antídoto da violência. Quem se vacinar vai receber até um certificado, que está sendo confeccionado por estudantes da escola", disse.  

Participam do movimento e do Dia da Vacinaçao contra a Violência as escolas estaduais Octaviano de Mello (Jardim Estela), Luiz Martins (Jardim Bom Pastor), Dr.Celso Gama (Vila Assunçao), Professor Gabriel Oscar de Azevedo Antunes (Jardim Bela Vista), Senador Joao Galeao Carvalhal (Vila Bastos), Deputado Valentim Amaral (Jardim Paraíso), Professor Júlio Nunes Nogueira (Jardim do Estádio), Dr.Manoel Grandini Casquel (Jardim do Estádio) e a Emei da Vila Floresta.  

Durante as atividades, as escolas vao coletar assinaturas para participar da Campanha por Segurança do Diário. "Nossa meta é recolher, no mínimo, 10 mil assinaturas", informou o professor Franco.  

Munidos de painéis e cartazes e vestidos com camisetas pintadas pelos próprios alunos com temas envolvendo segurança e paz, estudantes das dez instituiçoes se concentrarao simultaneamente nos pátios das escolas para soltar bexigas brancas. A atividade está prevista para as 12h e 13h, respectivamente, horários de saída do período matutino e entrada do período vespertino.  

Na quarta-feira, dia 2, uma comissao de cada escola, integrada por alunos, pais e professores, vai levar aos Correios cartas escritas pelos estudantes para o governador Mario Covas, reivindicando providências urgentes para conter a violência.As escolas engajadas no movimento pretendem desenvolver também atividades individuais para dar continuidade à campanha.  

Oficinas noturnas discutindo temas como respeito, solidariedade, fraternidade e amor serao realizadas, por exemplo, na segunda-feira à noite por alunos da suplência da Professor Júlio Nunes Nogueira. A idéia é que os alunos desenvolvam as atividades nas primeiras aulas e apresentem cartazes, letras de músicas e raps com os temas às 21h no pátio da escola.  

"Um trabalho de conscientizaçao e palestras vem sendo desenvolvido para conter a violência. Estamos em uma área de periferia. É comum alunos alcoolizados e drogados na escola", disse a coordenadora pedagógica do noturno da Professor Júlio, Sandra Regina Passarelli Oliveira.  

Há cerca de uma semana uma bomba feita com rojao explodiu no banheiro masculino, segundo a coordenadora, sem ferir ninguém. "Também tivemos um incidente com uma criança de 8 anos que levou para a sala de aula um objeto pontiagudo. Ele dizia que era para se defender, caso alguém mexesse com ele."  

De acordo com Regina, apesar das ocorrências nesse ano o índice de violência na escola foi menor do que no ano passado. "Luzes apagadas, carteiras atiradas pela janelas e outras atitudes mais violentas já foram mais comuns."  

Na escola Nadir Lessa Tognini, a direçao informou que mutiroes de limpeza e de reparos estao sendo organizados para aproximar a comunidade da escola. "A iniciativa, que tem como objetivo a recuperaçao da instituiçao, tem contado com a participaçao de boa parte dos pais", disse Paulo Franco.  

Um Show de Talentos envolvendo alunos de três períodos foi uma das alternativas encontradas pela escola Dr.Celso Gama, na Vila Assunçao, para valorizar seus estudantes e aproximá-los de atividades extra-classe.  

"A violência tem sido tema freqüente em sala de aula. Com a onda de notícias envolvendo escolas, os alunos tornam-se mais agressivos", disse a diretora do Dr.Celso Gama, Assunta Donadel. "Qualquer olhar atravessado é motivo para gerar violência. É por isso que os professores estao orientando a todo momento nossos alunos."




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