Após prometer a construção de duas passarelas até o fim deste mês na Avenida Prestes Maia, na altura do número 2.230, a Prefeitura de Santo André anunciou a instalação de radar fixo, sentido Avenida dos Estado, com limite de velocidade regulamentado em 60km/h, no mesmo local. No sentido inverso, já existe equipamento semelhante.

Em agosto, casal de jovens aguardava no canteiro central para cruzar a avenida quando foi atingido por roda que se soltou de caminhão. Os dois morreram na hora.

É a segunda vez que a Prefeitura adota medida paliativa para amenizar o risco de atropelamentos na via, após o acidente fatal. Em agosto, o DST (Departamento de Segurança de Trânsito) instalou radar estático próximo ao Viaduto Luís Meira.

O professor de Engenharia Urbana da UFABC (Universidade Federal) Humberto de Paiva Junior explica que apenas radar não é suficiente para aumentar a segurança de pedestres. "Em vias de grande movimentação, onde há faixa para travessia, o mais aconselhável é a implementação de passarela. A colocação de semáforo para pedestres também seria solução. Só diminuir a velocidade dos veículos não adianta", disse.

A população local também não está satisfeita com a colocação do equipamento no local. "Isso não adianta nada. Nenhum motorista respeita quem está atravessando na faixa. São poucos os que param para a gente passar. Na minha idade, é sempre muito difícil, pois não consigo correr caso venha algum carro em velocidade", relatou a dona de casa Maria Ferreira da Silva, 61 anos, que passa pelo local todos os dias para comprar pão em padaria do núcleo habitacional Tamarutaca.

Para evitar atropelamentos, o DST opera todos os dias com equipes de agentes no local em três períodos do dia, às 7h, 12h e 17h, horários de entrada e saída nas escolas. Os profissionais auxiliam na travessia e permanecem por cerca de 40 minutos.

O aposentado Luiz Carlos de Lima, 53, pede presença constante da fiscalização na área. "É preciso ter guardas aqui toda hora. E o resto do dia? Tenho que me arriscar no meio dos carros", reclamou.

Lima também é contra a instalação de mais um radar nesse ponto da avenida. "Multar é fácil, quero ver colocar a passarela para a gente. Aqui tem gestante, idoso e criança que passa constantemente. Ninguém respeita os pedestres."

A equipe do Diário questionou a Prefeitura sobre a previsão de construção da passarela. Porém, a administração municipal não se pronunciou.

Morte trágica de jovem casal mobilizou comunidade

No dia 16 de agosto, acidente acabou com os sonhos do casal Tainá Teixeira da Silva, 16 anos, e Flávio Almeida Ferreira, 21. Os noivos estavam voltando do Cartório de Registro Civil, onde marcaram a data de casamento, quando foram atingidos por uma roda que se desprendeu de um caminhão, na Avenida Prestes Maia.

Cerca de 36 horas após a morte do casal, outra pessoa foi atropelada no mesmo trecho. Antonio José Sobrinho foi atingido por veículo enquanto atravessava a via, 50 metros abaixo do acidente que vitimou fatalmente os noivos.

PROTESTO

A série de atropelamentos fez com que os pedestres se mobilizassem em protesto na avenida. Enfurecidos, os moradores da comunidade Tamarutaca atearam fogo em um sofá no meio da pista, sentido Santo André, bloqueando o tráfego.

Após os graves acontecimentos, a Prefeitura anunciou medidas para amenizar os riscos de acidentes na avenida. A administração municipal iniciou estudos para a construção de passarela que ligará a favela Tamarutaca ao Conjunto Habitacional Prestes Maia. Porém, até o momento, nada foi implementado no local.