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Apoio a montadoras 'não é de graça'
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
17/11/2008 | 07:00
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Por que os governos federal e estadual decidiram conceder juntos recentemente R$ 8 bilhões em empréstimos para financeiras de montadoras? O entendimento de especialistas é de que o apoio, no momento em que a crise internacional desembarcou no País, ‘não é de graça'. Poderá fortalecer a atuação de bancos públicos (Banco do Brasil e Nossa Caixa) na área de financiamentos de veículos e também contribuir para evitar uma queda nas receitas dos governos.

A idéia é manter a economia rodando e, como conseqüência, fazer com que não haja uma onda de desemprego e queda de arrecadação.

O segmento gera (incluindo fabricantes de autopeças a redes de concessionárias) 1,5 milhão de empregos no País e vinha liderando a geração de postos de trabalho e o nível de atividade na indústria, com crescimento próximo de 30% nas vendas em relação ao ano passado.

No entanto, em outubro, devido ao aperto do crédito - cerca de 70% dos carros zero km comercializados são financiados -, esse movimento se reverteu, com retração de 2% em relação ao mesmo mês de 2007.

"Esse crédito se destina a, minimamente, manter esses empregos", afirma o economista e consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Júlio Almeida.

"É importante irrigar o mercado com liquidez (capacidade de transformar rapidamente papéis e títulos em dinheiro), há hoje uma grande crise de confiança e com isso, o consumidor deixa de comprar a prazo. Um dos setores mais atingidos é o automobilístico", observa o professor de Economia da Universidade Metodista, Marcelo Cruz.

O valor de R$ 8 bilhões, de um total de cerca de R$ 150 bilhões com os quais os bancos das montadoras financiam a compra de automóveis, vem em boa hora e não representa elevação de gastos do governo, observa Almeida. "Não é um gasto fiscal, é uma destinação de recursos dos bancos", explica.

Em queda - As medidas da União e do governo paulista foram bem recebidas mas devem ter efeito limitado, segundo os especialistas.

"É para um mês de produção, ajuda mas não resolve", cita o gerente do Depecon (Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas) da Fiesp, André Rebello.

"A crise é de expectativa, o mercado só vai começar a se recuperar quando os indicadores da economia real mostrarem reação", avalia o professor de Economia da Esag (Escola Superior de Administração e Gestão), de Santo André, Eduardo Becker.

Expansão - A perspectiva é de desaceleração no ritmo no ano que vem, mas, ainda assim, os economistas ouvidos pelo Diário apostam que haverá expansão da economia - que pode variar de 2% a 4%, de acordo com os prognósticos.

"Ainda falamos em crescimento econômico. Outras crises já tiveram impacto mais grave no Brasil", disse o coordenador do curso de Economia da Fundação Santo André, Ricardo Balistiero.

Ele prevê que, se não houver uma piora no cenário atual, poderá haver alta do PIB (Produto Interno Bruto) - ou seja, a soma das riquezas produzidas no País - 3% a 4%, frente aos 4% a 5% que devem ser alcançados neste ano.




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