O técnico Carlos Alberto Torres pediu demissao do Atlético Mineiro, depois de se desentender com o diretor de futebol do clube, o também ex-jogador Toninho Cerezo. Torres assumiu o time, em crise, há seis meses e conseguiu levar os mineiros à 9ª colocaçao na primeira fase do Campeonato Brasileiro de 1998. Ele discutiu com Cerezo no momento em que ambos definiam a montagem da equipe que o auxiliaria, até dezembro deste ano.  

De acordo com o tri-campeao mundial, o diretor de futebol descumpriu acordo verbal previamente feito entre eles. Torres ficaria sem aumento salarial neste primeiro semestre, mas teria um reajuste a partir de julho. 'Abri mao de R$ 300 mil a que teria direito nesses primeiros meses, porque sei que o clube está em dificuldades, mas ele me disse que o acerto para o segundo semestre, que estava combinado, nao seria possível', disse o técnico. Outro motivo que levou Torres a deixar o clube foi a decisao de Cerezo e nao permitir a contrataçao de dois auxiliares para o treinador, os quais o acompanharam, em 1997, sem receber salários. 'Eu paguei a eles esse tempo todo do meu próprio bolso', afirmou o ex-técnico, também descontente com a indicaçao de Rui Shibucava, com quem nao simpatiza, para o cargo de preparador físico. 'O que eles receberiam nao dá um décimo do que ganha o Toninho Cerezo', queixou-se.

Cerezo rebateu as críticas do ex-treinador, alegando que o que fez foi cumprir as determinaçoes do novo presidente do Atlético, Nélio Brant. O presidente assumiu, junto com o clube, uma dívida superior a R$ 15 milhoes e, embora queira montar uma equipe competitiva em 1999, ordenou o corte de gastos.  'Eu nao tenho nada que falar do profissional Torres, tanto que fiz tudo para que ele continuasse aqui', afirmou o diretor.  'Mas eu tenho uma posiçao no Atlético de grande responsabilidade, sou um profissional pago e tenho que procurar o melhor para o clube', completou. O próprio Cerezo, que até o ano passado nao escondia o desejo de ser treinador, assume interinamente o comando técnico do Atlético até que alguém seja contratado. Um dos nomes cogitados, hoje, era o de Ricardo Drubsky, que já comandou o América Mineiro, entre outros clubes.