O Detran (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo) divulgou ontem lista de cerca de 170 mil motoristas da Região Metropolitana de São Paulo que alcançaram ou ultrapassaram os 20 pontos estabelecidos como tolerância para autuações no trânsito.

Teoricamente seriam 170 mil motoristas impossibilitados de dirigir, mas o dado fica apenas na teoria. O Detran não tem o número exato de motoristas que entregaram a CNH (Carteira de Habilitação). Por ser um processo com pouca fiscalização, muitos motoristas continuam dirigindo, mesmo com a suspensão do documento.

Quando um condutor é parado em uma blitz o policial verifica se a carteira está regularizada. "Por ordem do Cetran (Conselho Estadual de Trânsito de São Paulo), nós só apreendemos em dois casos: se a CNH for falsa ou se estiver com a validade ultrapassada há mais de 30 dias", explica o major do 34º Batalhão de Policiamento Metropolitano de Trânsito, Ricardo Fernandes de Barros.

O número de carteiras suspensas representa quase mil documentos por dia. Quem recebe a notificação do Detran precisa apresentar uma defesa. Quando o recurso é aceito, o motorista está liberado. Quando isso não acontece, é preciso entregar a carteira pessoalmente no órgão de trânsito. A suspensão varia de um mês a um ano.

Como o processo não é fiscalizado, alguns ignoram a lei e continuam dirigindo. O Detran diz que não tem um controle das pessoas que entregam a carteira voluntariamente ou que passam pelos cursos de reciclagem para recuperar o documento.

Não há dados de quantas pessoas da região tiveram suas CNHs bloqueadas. Qualquer motorista pode consultar sua pontuação no site www.detran.sp.gov.br.

NA PRÁTICA
O administrador de empresa e morador de São Bernardo, Leonardo Lins, 26, contabiliza 22 pontos na CNH. "Recebi a notificação há três dias, ainda não sei como vou fazer, mas não posso ficar sem dirigir. Vou recorrer", diz.
O pai de Leonardo, Agenor Lins, 50, conta que no ano passado teve a CNH suspensa. "Não concordo com esta contagem de pontos, nem acredito que esta punição seja uma forma de educar o cidadão para o trânsito".