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Países desenvolvidos poderiam amenizar efeito-estufa
Do Diário do Grande ABC
13/06/2000 | 13:00
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Os países desenvolvidos poderiam evitar em parte o cumprimento de suas obrigaçoes internacionais em matéria de luta contra o aquecimento climático, contabilizando de maneira excessiva a absorçao de gases causadores do efeito-estufa pelas florestas.

É o que indica um informe do Grupo Intergovernamental sobre a Evoluçao do Clima (GIEC, que reúne 3 mil cientistas), apresentado nesta terça-feira no âmbito das negociaçoes que se realizam em Bonn, a nível de altos funcionários, sobre as modalidades de aplicaçao do Protocolo de Kyoto (1997).

Este acordo internacional estabelece que 38 países desenvolvidos devem reduzir em 5,2% em 2010 (em relaçao a 1990) suas emissoes de seis gases considerados causadores do efeito-estufa, entre eles o gás carbônico (CO2).

O texto prevê que esses países podem inscrever em seus balanços de emissoes as quantidades de carbono que os vegetais, especialmente as árvores, absorvem da atmosfera quando estao em fase de crescimento e expelem quando morrem.

Segundo o protocolo, ``as atividades humanas diretamente ligadas às mudanças de afetaçao das terras e das florestas e limitadas ao florestamento ou reflorestamente desde 1990' poderao ser utilizadas por um país para cumprir suas obrigaçoes.

Por outra parte, acrescenta o texto, atividades humanas ``suplementares' ainda nao definidas poderao ser levadas em conta também neste terreno.

A compatibilidade do carbono varia totalmente, segundo a interpretaçao desses dispositivos, assinala o GIEC.

A partir de que densidade de árvores se pode falar de floresta? Pode a savana ser considerada uma floresta? Sao os incêndios florestais ou inclusive as tempestades, como a que assolou a Europa em dezembro do ano passado, ``atividades humanas?' Que ``atividades novas' devem ser reconhecidas?

Segundo o informe, as diferentes interpretaçoes podem fazer que se considere que as florestas dos países do Norte lançam na atmosfera até 849 milhoes de carbono por ano, ou, pelo contrário, que absorvem até 483 milhoes de toneladas.

Uma reduçao de 287 milhoes de toneladas de carbono suplementares pode ser obtida se for adotada uma definiçao muito ampla das cidades ``atividades suplementares'.

Graças a esta absorçao de carbono pelas florestas, os países podem chegar inclusive a ``cumprir' completamente seus compromissos (887 milhoes de toneladas em 2010) sem limitar suas emissoes industriais, informaram diplomatas e organizaçoes nao governamentais.

Um grupo de países encabeçado por Estados Unidos e pelos grandes países florestais (como Canadá e Nova Zelândia) pede flexibilidade máxima. Por sua parte, a Uniao Européia está dividida entre países que defendem uma interpretaçao restritiva do protocolo (Gra-Bretanha, Dinamarca, Alemanha, Austria e Espanha, por exemplo) e os que sao favoráveis a que se estabeleçam margens de manobra (Irlanda, França, Suécia, Finlândia e Itália).

Uma coalizao de associaçoes ecológicas acusou hoje em Bonn os países industrializados de querer ``minar' a eficácia do único acordo internacional de luta contra o aquecimento climático.




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