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Adolescentes são craques em robótica
Tiago Dantas
Do Diário do Grande ABC
14/12/2009 | 07:10
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As férias escolares chegaram, e a maioria dos jovens está se preparando para uma temporada de viagens e descanso. Para um grupo de nove adolescentes de São Caetano, porém, essa é a melhor hora para começar a trabalhar no projeto de um novo robô. Eles formam a equipe Terradróide, atual campeã brasileiro e mundial de um torneio que envolve engenharia, robótica, blocos de montar e informática.

A competição nacional foi disputada por 53 equipes no Palácio das Indústrias, Parque Dom Pedro, Centro de São Paulo, no fim de semana passado. O campeonato é organizado dentro dos padrões da FLL (First Lego League), que realiza certames semelhantes ao redor do mundo. Cada time precisa montar um robô capaz de executar uma lista de tarefas e apresentar um projeto de pesquisa sobre um tema que tenha impacto social.

O assunto dos torneios é o mesmo em todo mundo. Neste ano, por exemplo, os competidores tiveram de apresentar alternativas para resolver problemas climáticos. No ano que vem, o tema é a mobilidade. Para garantir o título brasileiro, a equipe de São Caetano apostou em uma possível solução para o excesso de enchentes que São Paulo enfrenta.

"Pensamos nas causas da enchente e chegamos ao aumento da evaporação", explica Giovana Milani, 14. "A superfície do oceano esquenta muito rápido por causa do aquecimento global e produz nuvens mais carregadas de chuva." Após consultarem oceanógrafos e técnicos, os jovens inventaram um sistema de plataformas que suga as águas mais profundas e geladas para diminuir a temperatura na superfície do mar. Uma redução de 2ºC na temperatura da água implica em menos 100 milímetros de chuva.


Equipe foi formada em 2003 após uma aula de robótica

A equipe Terradróide surgiu em 2003, depois que os amigos Kevin Branciforti de Medio, 17 anos, Vinícius Milani, Vinícius Possato e Vitor Voni, todos de 18, tiveram aulas de robótica na escola.

O grupo disputou alguns campeonatos e acabou se desfazendo. "A gente cansou. Paramos por dois anos porque não dava mais", lembra Milani. O Terradróide voltou à ativa no meio do ano passado, com a chegada de cinco novos membros.

O quarteto inicial e Cesar Barsevicius, 17, Giovana Millani, 14, Leonardo Seabra, 14, Lucca Cirillo Lima, 13, e Luiza Garutti Alvarenga Fonseca, 14, passaram as férias de julho trabalhando. O esforço foi recompensado com o segundo lugar no campeonato brasileiro, no fim de 2008, e o título mundial da Dinamarca, em maio.

O ponto alto das competições é a batalha de robôs. As máquinas são feitas com blocos de Lego e um processador de computador. O equipamento precisa executar uma série de tarefas pré-programadas sozinho, sem a interferência da equipe.

O palco da disputa é chamado de tapete, uma espécie de quadra montada sobre uma mesa. Antes dos campeonatos, as equipes recebem o tapete para treinar. "As missões são as mesmas para todos e têm a ver com o tema do torneio. Como esse ano era meio ambiente, uma tarefa era levantar uma casa (de Lego) e levar para outro lugar", conta Luiza.

Estados Unidos sediará mundial em abril

Ter vencido o campeonato brasileiro de robôs credenciou a equipe Terradróide para disputar o World Festival (Festival Mundial), no início de abril de 2010, em Atlanta, nos Estados Unidos. O torneio reunirá as melhores equipes de robótica do mundo e terá como tema a mobilidade.

"Já estamos começando a pensar nesse projeto. Vamos ter que desmontar o robô atual e preparar outro". afirma Vinícius Milani, 18, um dos técnicos do time. A principal motivação para os jovens é a experiência que tiveram em maio deste ano em Copenhague, na Dinamarca.

"Chegamos na final contra a China e, tirando as outras equipes do Oriente, estava todo mundo torcendo para a gente. Eram mais de 50 times gritando o nome do Brasil. Quando ganhamos foi muito emocionante", lembra Luiza Fonseca, 14.

Além do troféu de campeão, a equipe trouxe para o Brasil a amizade de competidores de outros países, como México, Peru e Alemanha. "Você via equipes lá patrocinadas até pela Nasa. E nós fomos com o dinheiro dos nossos pais", diz Vinícius.

"Os pais valem mais que a Nasa", brinca Kátia Helena Milani, mãe do competidor. O único apoio que a equipe teve recentemente veio da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de São Caetano. "Lá fora, fomos recebidos pelo príncipe da Dinamarca. No nosso País, na nossa cidade, não temos apoio", constata Vinícius.

A parceria com a Apae rendeu visitas à instituição com o robô mascote da turma, o Terradróide que funciona como papa-pilhas. "As crianças vinham correndo para colocar baterias no robô", lembra Leonardo Seabra, 14. O material era encaminhado para o lixo adequado.

Quem quiser conhecer mais sobre a equipe de robótica de São Caetano pode acessar o site www.terradroide.com.br.




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