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Permuta é opção para reduzir despesa
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
15/07/2009 | 07:00
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Permutas são técnicas utilizadas há muitos anos no mundo dos negócios. Não raro, um cliente oferece alguns de seus produtos para pagar pelo serviço prestado pela empresa. No entanto, muitas vezes os tais produtos não têm utilidade alguma para o outro empreendimento, e então, por diversas vezes, o acordo não é feito.

Pensando nisso, a Permute começou a oferecer, em vez da tradicional permuta bilateral, ou seja, entre duas empresas, um intercâmbio multilateral de mercadorias sem o uso de dinheiro. Hoje já são cerca de 600 empresas participantes do sistema, concentradas na região Sudeste.

Desde 2003, quando foi inaugurada, já foram negociadas 28 milhões de UP's (Unidades de Permuta) - créditos recebidos em troca de produtos ou serviços que equivalem a R$ 1. Portanto, pode-se considerar que foram movimentados R$ 28 milhões em seis anos.

Na avaliação de Nádia Nunes, diretora da Permute, a principal vantagem é a preservação do fluxo de caixa da empresa. "Ela deixa de comprar e utiliza sua capacidade ociosa ou produtos estocados como troca. O valor fica creditado e o empresário pode comprar qualquer tipo de serviço".

São exemplos, móveis de escritório, persianas, pisos, carpetes, dedetização, ida a restaurantes, hospedagens em hotéis, passagens aéreas.

"Nós descobrimos as necessidades de cada empresa e apresentamos os produtos e serviços disponíveis", afirmou Nádia.

Com a eclosão da crise financeira internacional, em outubro do ano passado, houve um crescimento de 35% no número de clientes. E o crescimento que girava em torno de 20% ao ano, para 2009 deve atingir 30%, estimou a diretora.

"A escassez de crédito deve impulsionar ainda mais o movimento, pois, além de assegurar risco zero de inadimplência, já que trabalhamos com créditos, é possível economizar até 15% do orçamento anual".

CASES REGIONAIS - Os integrantes dessa rede de trocas pagam 7% do valor da operação realizada para a Permute. O faturamento é gerado um mês após a permuta.

No Grande ABC, existem 10 empresas que fazem parte do banco de trocas. Duas delas, entretanto são mais atuantes.

Uma emissora local de televisão conseguiu economizar, em 2008, cerca de R$ 100 mil. "Neste ano, reformamos a filial de São Paulo. Somente em oito portas, foram economizados R$ 40 mil", contou o diretor comercial Miro Modesto.

Modesto aponta que um dos principais motivos de aderir às permutas multilaterais é diminuir as despesas. "Não me dá lucro, mas eu usufruo de algo que poderia ficar parado aqui na emissora ou poderia ser um dinheiro que eu nunca mais receberia", relatou, referindo-se a clientes que pagam com produtos e a calotes.

Antes, segundo o executivo, ele perdia negócios por não ter o que fazer com colchões, por exemplo. Hoje, entrega os colchões à Permute e pega em troca outros itens com valores equivalentes. "Funciona como um cartão de crédito, em que eu tenho um limite para gastar".

Uma empresa de brindes de São Bernardo também usufrui bastante das trocas, sem saber, no entanto, quanto deixou de gastar. "Certa vez eu tinha 40 colchões que iriam sair de linha. Ofereci à Permute, que os vendeu para um hotel e, em troca, peguei viagens, ida a restaurantes e chocolates para enviar aos meus clientes", relatou Anselmo Venzol, também proprietário de uma loja de móveis.

Para quem está no comércio, Venzol acredita que seja uma boa saída para desempatar as coisas. "Já entreguei um pedido errado que voltou e ficou parado. Pus no banco de trocas e não deixei aquilo estagnado".




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