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Só novo pátio resolverá falta de vagas em S.Bernardo
Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
12/01/2005 | 13:32
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A falta de espaço persiste no pátio de veículos de São Bernardo. Carros apreendidos amassados e empoeirados continuam encalhados nas ruas em volta das sete delegacias da cidade. O diretor da Ciretran (Circunscrição Regional de trânsito) da cidade, Carlos Roberto de Campos, voltou atrás e afirmou que a solução só virá com a criação de mais um pátio. Há dois meses, quando assumiu o cargo, ele acreditava que bastava acelerar a liberação de automóveis no atual pátio. Porém, percebeu que 60% dos 1,4 mil veículos não podem ser leiloados por estarem sob inquéritos policiais.

O juiz-corregedor da cidade, Luís Geraldo Lanfredi, admite que a Justiça é incapaz de liberar grande quantidade de veículos com pendências judiciais. “Isso é feito regularmente, somos limitados pelo processo legal”, afirma o juiz. São Bernardo possui frota de cerca de 400 mil automóveis. Por semana, são apreendidos de 80 a 100 veículos. Para aliviar um pouco a situação, o diretor da Ciretran pretende leiloar 500 veículos daqui a três meses.

O problema em São Bernardo é crônico desde 1998. A saída seria a construção de um novo pátio. A Prefeitura promete publicar edital em 15 dias para encontrar empresa que ofereça novo espaço. Com a falta de espaço no pátio atual, os carros ficam em frente e no entorno do 1º DP (sete carros), 2º DP (12) e 3º DP (25), respectivamente no Centro, em Rudge Ramos e no bairro Assunção. Para não acumular muitos veículos, a polícia e funcionários do município afrouxam a fiscalização de trânsito para não superlotar ainda mais o pátio e as ruas próximas às delegacias.

“Acho que conseguiremos liberar até 40% em leilões para ferros-velhos. Só que em cada caso preciso dar um prazo de 90 dias para que o dono reivindique a posse do automóvel”, afirma Campos, da Ciretran. Cada veículo é vendido em média por R$ 100, e só pode ser comprado por donos de sucata.

A Prefeitura de São Bernardo promete publicar dentro de duas semanas um edital para escolher a empresa que vai ceder novo pátio e prestar serviços. Segundo a assessoria de imprensa, o edital passa por ajustes técnicos e jurídicos. Essa foi a mesma resposta dada pela administração municipal em abril do ano passado. Na época, a assessoria de imprensa também disse que o edital estava em fase de conclusão e seria publicado até o fim do mês. Representantes da Prefeitura se reuniram com o diretor da Ciretran e prometeram agilidade no processo de licitação.

O novo pátio receberia veículos apreendidos pelo governo do Estado (inquéritos policiais e em situação irregular) e pela Prefeitura (apenas os estacionados em locais proibidos). O pátio existente na cidade hoje tem uma área de 10 mil m² e fica no bairro dos Casa.

Justiça – Um levantamento parcial feito pela Ciretran aponta que 60% dos carros e motocicletas apreendidos têm pendências em inquérito judicial. O diretor da Ciretran pediu ao juiz-corregedor de São Bernardo, Luís Geraldo Lanfredi, agilidade na liberação de veículos apreendidos pela Justiça.

O juiz afirma que não pode interferir decisivamente porque os processos correm em todas as varas judiciais, e cada uma tem um juiz. “O que posso fazer é um edital de liberação de cada caso com o aval de cada juiz.” A Justiça, segundo Lanfredi, não consegue liberar um “número exorbitante” de veículos de uma só vez. Por isso, a Ciretran terá de questionar todas as varas judiciais sobre a necessidade de manter cada veículo apreendido.

Os veículos abandonados atrapalham moradores e comerciantes. Impedem que clientes estacionem seus carros. “É muito desagradável”, diz César José Nogueira Vicente, 56 anos, dono de uma pizzaria em frente à delegacia de Rudge Ramos. A situação só não é pior porque o 1º e 3º DPs possuem pátios improvisados nos fundos da delegacia. Mais de 100 veículos guardados nesses dois terrenos esperam vagas no pátio da Ciretran. “Temos azar de ter esse espaço aqui, senão a Prefeitura já teria tomado uma atitude”, acredita um policial civil do 3º DP que pediu anonimato.

Carlos Roberto de Campos, diretor da Ciretran, previa finalizar o levantamento da situação dos carros até o fim do mês passado. Não conseguiu e prorrogou o fim da pesquisa a próxima sexta-feira. “É complicado, temos de apurar a vida e a condição de cada carro.” Para isso, o diretor conta com o trabalho de oito pessoas. “Mas mesmo assim falta gente para a tarefa”, afirma. Há casos de veículos que estão encalhados no pátio há cerca de dez anos.



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