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Pesquisa mostra perfil da violência em Diadema
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
12/01/2005 | 12:09
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A maioria das vítimas de assassinato em Diadema tem entre 21 e 25 anos, possui ensino fundamental incompleto e é morta no meio da rua entre 0h e 3h. Essa é a conclusão de pesquisa realizada pela Prefeitura do município com base em dados criminais fornecidos pela Secretaria Estadual de Segurança Pública e a Delegacia Seccional da cidade, entre 2001 e 2004. Na segunda posição do ranking da violência urbana, a faixa etária concentra-se de 26 a 30 anos, seguida por 16 e 20 anos e de 10 a 15 anos. Quanto ao nível de escolaridade, os assassinados têm ensino médio incompleto ou são analfabetos.

Após o período crítico, os horários que mais registram homicídios são entre 3h e 6h e entre 6h e 9h. Além das vias públicas, os crimes acontecem em residências e em bares.

A Prefeitura também divulgou o número total de homicídios do ano passado, por meio de índices fornecidos pela Delegacia Seccional. Foram 129 casos, ante 167 de 2003, registrando-se redução desse tipo de crime em 22,75%.

Esse índice é o melhor do que as quedas de assassinatos verificadas na região (20,56%), no Estado (18,59%) e na Região Metropolitana de Campinas (12,1%), que possui aspectos semelhantes ao Grande ABC. Estes últimos percentuais espelham as ocorrências até setembro de 2004, conforme dados oficiais da Secretaria Estadual de Segurança Pública. A secretaria só deverá divulgar o balanço do ano passado no fim deste mês.

A lei seca, que determina o fechamento dos bares instalados na cidade entre 23h e 6h, implantada em 15 de julho de 2002, é apontada pela Prefeitura, Polícia Civil e especialistas como o principal motivo da redução de assassinatos. De acordo com a Acid (Associação Comercial e Industrial de Diadema), o município possui 3.870 bares em seus 30 Km².

Após a adoção da lei seca, os índices criminais da cidade diminuíram, especialmente homicídios. “Diversos criminosos aproveitam o ambiente de um bar para encontrar comparsas marginais antes de planejarem e executarem um delito. As pessoas também passaram a permanecer mais em casa, sem correr o risco de serem atacadas à noite nas ruas”, afirmou o delegado-assistente da Delegacia Seccional de Diadema, Mitiaki Yamamoto.

“Passamos a fazer reuniões regulares e ações mais integradas entre a Polícia Militar, Civil e Prefeitura, como blitze e bloqueios em áreas de maior criminalidade, como os bairros Jardim Campanário, Eldorado e Serraria”, acrescenta Yamamoto.

Em outubro do ano passado, a ONG (Organização Não-Governamental) Pire (Pacific Institute for Research and Evaluation), entidade norte-americana que estuda há 30 anos a relação entre álcool e violência no mundo todo, divulgou pesquisa sobre a lei seca em Diadema e constatou que a medida evita, em média, 11 homicídios por mês e nove agressões domésticas a mulheres.

O Ilanud (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento da Delinqüência), órgão da ONU (Organização das Nações Unidas) que estuda a violência, também realizou pesquisa no município, realizada no fim do ano passado. O resultado deve ser divulgado em breve.

A secretária de Defesa Social de Diadema, Regina Mikki, segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, não pôde conversar na terça-feira com o Diário sobre a pesquisa realizada pelo município por causa dos trabalhos que teve com a Defesa Civil, em razão das chuvas.

O comandante interino do 24º Batalhão, major Carlos Augusto Meyer, não obteve permissão da Secretaria Estadual de Segurança Pública para responder perguntas da reportagem do Diário sobre o papel da PM na queda dos homicídios. Em breve nota, a assessoria de imprensa do órgão informou que as estatísticas oficiais de 2004 estão em fase de conclusão e que a lei seca, somada às ações policiais, foram definitivas para a redução dos assassinatos.



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