Cultura & Lazer Titulo
Tese mostra os homens e personagens de Disney
Gislaine Gutierre
Da Redaçao
24/03/2000 | 17:58
Compartilhar notícia


Desde os 3 anos, Roberto Elísio dos Santos, de Sao Caetano, alimenta uma paixao pelas histórias em quadrinhos. O que era diversao na infância, virou coisa séria. Hoje ele é jornalista e professor universitário do Imes (Instituto Municipal de Ensino Superior) de Sao Caetano e se prepara para lançar seu segundo livro, Para Reler os Quadrinhos Disney - Evoluçao, Linguagem e Análise de HQs (Editora Paulinas).

A obra é resultado de uma dissertaçao de mestrado defendida por ele na USP (Universidade de Sao Paulo) e aguarda apenas o sinal verde da Disney para ser colocada no mercado, acompanhada de uma exposiçao no Imes. O livro também é uma celebraçao aos 70 anos dos quadrinhos Disney e aos 50 anos da revista Pato Donald no Brasil.

Diferentemente da famosa obra Para Ler o Pato Donald, de Ariel Dorfman, Santos nao procurou levantar nenhuma suposta intençao diabólica por trás dos quadrinhos Disney. Ele preferiu focalizar o trabalho dos ilustres anônimos que por anos deram vida aos famosos personagens.

Um dos exemplos mais incríveis é o de Carl Barks. Por muito tempo, ele foi chamado de O Homem do Pato. Ninguém sabia seu nome, nem nada sobre sua vida. Apenas que esse era o apelido do sujeito que inventou Tio Patinhas e boa parte dos habitantes de Patópolis, como Gastao, Professor Pardal e Maga Patológica.

Mas hoje, devidamente reconhecido e aposentado, levanta um bom dinheiro fazendo litografias dos personagens Disney e vendendo cada uma por cerca de US$ 5 mil. "Ele criava personagens secundários, dos quais o público gostava tanto que escrevia pedindo para eles aparecerem mais", explica Santos.

Outro que teve um papel importante foi Al Tagliaferro, que se responsabilizou por adaptar o Pato Donald do desenho animado para as HQs, em 1934. A primeira vez que o personagem apareceu foi no desenho A Galinha Sábia. "Ele era coadjuvante e contracenava com um porquinho. Os dois eram muito gulosos", descreve Santos. Al adorou o pato e Walt Disney concordou em ceder mais espaço. Só que Al nao teve a mesma sorte de Barks: produziu tiras do Donald de 1936 a 1965 e morreu no anonimato.

Made in Brasil - Os artistas brasileiros também nao ficaram de fora. No capítulo Disney Made in Brasil, Santos mostra a importância do trabalho de vários deles, como o de Jorge Kato, que criou o Pedrao, amigo do Zé Carioca, o primeiro negro a fazer parte da família Disney.

Outro criativo companheiro foi Alberto Maduar, que deu nomes brasileiros ao Professor Pardal, Tico e Teco e Maga Patológica. Nessa lista, também estao Euclides Miyaura e Waldyr Igayara - fundamentais na pesquisa de Santos -, e Renato Canini (que colocou Zé Carioca na favela).

A intençao de Santos, com este livro, nao é apenas prestar um tributo aos profissionais da Disney, mas despertar nas pessoas o interesse pelas HQs em geral. "Espero que, depois desse livro, as pessoas vejam as HQs com menos preconceito. Para as crianças, elas representam a porta de entrada para o mundo da leitura".




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;