Setecidades Titulo
Sem plano, Alvarenga é só lixão
Márcia Pinna Raspanti
e Raymundo de Oliveira
Da Redação
14/07/2001 | 17:25
Compartilhar notícia


O secretário estadual do Meio Ambiente, Ricardo Tripoli, disse que o fechamento do Lixão do Alvarenga, amanhã, não encerra os problemas ambientais existentes na área. “Os municípios de Diadema e São Bernardo precisam apresentar um plano de trabalho que contemple a recuperação ambiental do local e a inserção social dos catadores que vivem do lixão”, disse. Um esquema policial deve garantir o fechamento do Alvarenga, que recebe dejetos desde 1972.

Segundo Tripoli, nenhum dos dois municípios apresentou ainda um programa detalhado sobre como vai ser feita a adequação da área. “O ideal seria que as Prefeituras assinassem o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), elaborado pelo Ministério Público. Se não o fizerem, iremos cobrar um plano explicando exatamente o que será feito para recuperar a área”, disse.

O diretor de Serviços do Dusme (Departamento de Uso do Solo Metropolitano), Cláudio Bolzani, disse que os municípios precisam elaborar um projeto conjunto de recuperação para a área, o mais rapidamente possível. “Ainda não há definição sobre o uso futuro do local. É preciso estabilizar o material e drenar o chorume e os gases do lixão para iniciar a recuperação do terreno. Os municípios precisam definir as suas ações agora”, afirmou.

Bolzani acredita que um ano seja suficiente para a implementação do projeto de recuperação. “São necessárias algumas medidas paliativas para evitar a reabertura do lixão. Se o local ficar fechado e não for realizada nenhuma ação concreta, há o risco de que as pessoas voltem a utilizá-lo”, disse.

Os ambientalistas da região também se preocupam com o que irá ocorrer após o fechamento do lixão, que está localizado numa área de mananciais. “Se não houver forte fiscalização, a estrada do Alvarenga se tornará um novo lixão, com conseqüências ainda mais graves para o meio ambiente”, disse o vice-presidente do Instituto Acqua, Wladimir Rodrigues Barbosa.

Carlos Bocuhy, do movimento Billings Eu Te Quero Viva, disse que o fechamento é o primeiro passo para a correção de um grave dano ambiental. “A paralisação do despejo já devia ter ocorrido há muito tempo. O lixo que foi jogado na área continuará prejudicando o lençol freático e a represa Billings, se não forem tomadas as medidas de recuperação ambiental”, disse.

Para o presidente do MDV (Movimento em Defesa da Vida), Virgílio Farias, a recuperação da área do Alvarenga é preocupante porque, além do depósito de lixo de classes 1 (industrial), 2 (domiciliar) e 3 (inertes), o lixão também recebeu cargas de lixo hospitalar da Grande São Paulo. Farias, porém, afirma que a recuperação, e o seu custo financeiro, devem ser assumidos pelos proprietários da área e não pelo poder público.

Catadores – A coordenadora da área de projetos ambientais do Instituto Pólis, Elisabeth Grimberg, afirma que, com a desativação do Lixão do Alvarenga, é imprescindível que o poder público tenha projetos sociais para os catadores que atuam no local. Ela coordenou a equipe do Instituto Pólis que foi financiada pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) para definir as estratégias adotadas pela Prefeitura de São Bernardo no projeto desenvolvido com catadores de lixo que trabalhavam no Alvarenga. O município implementou dois postos de coleta de lixo e triagem de materiais que mantêm atualmente 92 famílias integradas, segundo informações da Prefeitura.

Segundo Elisabeth, para definir os projetos é importante a participação dos catadores e uma análise das condições de vida, moradia e trabalho das pessoas que atuam no lixão. “O diálogo com os catadores é extremamente importante para a definição das diretrizes e para os resultados do projeto”, afirma.

Ela disse que, além do diagnóstico social feito com os catadores, é importante que seja feito um diagnóstico ambiental do lixão e da área de entorno. Outro aspecto apontado por Elisabeth como fundamental para o sucesso de um projeto com catadores de lixo é a estratégia de viabilidade econômica, além do escoamento dos materiais coletados. Elisabeth disse que é importante a compreensão da sociedade sobre a implementação dos postos de coleta e a participação das empresas no fornecimento de materiais aos postos.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;