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Grande ABC registra dois casos diários de tuberculose neste ano

Foram 666 diagnósticos e 16 óbitos, mantendo média de 2018; sucesso no tratamento depende de diagnóstico precoce, destaca especialista

Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
30/10/2019 | 07:00
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Pixabay


 A região registrou dois casos de tuberculose por dia neste ano. Conforme as administrações municipais, até a última sexta-feira, foram 666 diagnósticos e 16 óbitos em cinco das sete cidades. Os números seguem 2018, quando foram 840 confirmações – cerca de duas diariamente – e 30 óbitos – média de dois por mês – durante todo ano. As prefeituras de São Caetano e Rio Grande da Serra não responderam até o fechamento desta edição.

A transmissão do bacilo Koch (Mycobacterium tuberculosis) é feita através de gotículas suspensas no ar – eliminadas pela tosse ou espirro, por exemplo – e que entram nas vias respiratórias. Os sintomas são tosse persistente por mais de três semanas, febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento e cansaço. Ao apresentar os indícios, a orientação é ir até uma UBS (Unidade Básica de Saúde), onde a pessoa irá passar por exame de baciloscopia para verificar se está infectada.

Segundo Patrícia Montanheiro, coordenadora do Laboratório de Análises Clínicas da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), quanto mais rápido o diagnóstico, maiores as chances de sucesso no tratamento. “A pessoa precisa seguir as recomendações médicas à risca, pois os antibióticos precisam ser tomados durante seis meses e, no período, não pode ingerir bebida alcoólica e precisa ter alimentação regrada”, orienta. “Às vezes, o paciente acha que está curado e interrompe o tratamento, porém, a infecção pode atingir outros órgãos além do pulmão (como rins, intestino e ossos).”

Mesmo que a época de maior transmissão seja no inverno, a especialista alerta que períodos ou locais com ar seco podem agravar o cenário de contágio – exemplos são salas de cinema e shoppings. A enfermidade é extremamente infectocontagiosa e, a partir do momento em que o indivíduo é contaminado, começa a transmitir os bacilos em cerca de dois dias, quando os primeiros sintomas, normalmente a tosse, começam a aparecer.

Vale destacar que o tratamento é fornecido gratuitamente pela rede pública de saúde. “Apenas o médico pode fazer a prescrição necessária e a automedicação é perigosa, já que a tuberculose requer antibióticos muito específicos e há casos onde o bacilo se torna resistente à medicação apropriada”, ressalta Patrícia.

A vacina BCG, cuja recomendação de aplicação é no primeiro mês de vida, imuniza as pessoas contra as formas mais graves da doença. Contudo, não combate a tuberculose pulmonar, manifestação mais comum. Assim, o controle mais eficaz é o diagnóstico precoce e tratamento imediato.

AÇÕES

O município com maior incidência de casos é São Bernardo, com 240 pessoas infectadas. Diadema possui 156, seguido por Santo André (152), Mauá (93) e Ribeirão Pires (25).

Além do tratamento gratuito, as prefeituras afirmam que realizam busca ativa por pacientes com sintomas respiratórios para possível diagnóstico da tuberculose. Elas também promovem campanhas pontuais de conscientização em escolas, unidades de saúde e empresas.

No entanto, Patrícia destaca que para reduzir significativamente o número de casos, é necessário investimento em campanhas mais enfáticas, mostrando, principalmente, quais são os principais sintomas e a importância do tratamento correto.




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