Acusado de integrar uma quadrilha especializada em roubo e desmanche de carros que atuava no Parque João Ramalho, em Santo André, João Carlos de Oliveira, 26 anos, tentou fugir da polícia pulando pelos telhados e acabou despencando no quarto de uma casa, quando a telha quebrou com o seu peso. Eram 6h30 e o casal que dormia no local acordou assustado com o estrondo e a ação policial que se seguiu. Investigadores entraram na casa e detiveram o acusado, que tentou se esconder debaixo da cama depois do tombo. O casal nada sofreu.

Além de João, foram presos Fábio Rodrigues da Silva, 23, Vitor da Silva Santana, 22, e Felipe Tadeu Doto, 19, na operação montada pela Divecar (Divisão de Investigações sobre Furtos e Roubos de Veículos e Cargas) do Deic (Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado). Segundo a polícia, o grupo desmontava carros roubados em um galpão na Avenida Sorocaba.

O esquema foi descoberto depois de denúncia anônima recebida há duas semanas. Por volta as 5h50 de ontem, quando os investigadores da Divecar vigiavam o local, um Fiat Uno cinza entrou no imóvel. Depois de verificar a procedência do carro - roubado em São Caetano, anteontem - oito policiais arrombaram o portão.

Dos suspeitos detidos, Somente Doto não tinha passagens pela polícia. Os demais já haviam sido presos por receptação, roubo e furto. Os acusados foram indiciados por formação de quadrilha e receptação na 3º Delegacia da Divecar, na Capital.

O DESMANCHE - O local apresentava peças de pelo menos dez veículos, entre escapamentos, discos de freio, molas, carrocerias, eixos de rodas e bancos. Um quarto do galpão era utilizado para armazenar as peças em prateleiras. Um Ford Verona, com o número do chassi raspado, será examidado pela perícia.

O chefe dos investigadores da Divecar, Márcio Afonso de Melo, 41, falou que o galpão funcionava em esquema de pronta-entrega. "Entramos no local 20 minutos depois do Uno chegar e eles (suspeitos) já tinham desmontado quase que o carro inteiro. Agora vamos investigar quem rouba os veículos e quem compra as peças", afirmou.       

Moradores tentaram manter silêncio durante ação

"Achei que ia morrer e nasci no mesmo dia". Assim a dona de casa Valdelice Mota de Azevedo, 61, descreveu o susto que tomou ontem de manhã. Ela e o marido, o segurança Pedro Cunha Ferreira, 47, dormiam por volta das 6h15, quando o telhado da casa quebrou e um homem caiu dentro do quarto do casal.

A residência fica ao lado do galpão que era utilizado para desmanche de carros roubados e de onde João Carlos Oliveira, 26, havia fugido pelos telhados vizinhos quando notou a chegada da polícia.

"Acordei com uns barulhos. De repente, um homem caiu do telhado e se escondeu embaixo da minha cama", lembrou Ferreira.

O casal contou que a primeira reação deles foi permanecerem imóveis e calados. "Minha mulher perguntou onde o homem estava. Disse para ficar quieta, porque ele estava debaixo da cama", contou o segurança.

Policiais da Divecar estouraram o cadeado do portão e entraram na casa logo em seguida. "Nunca imaginei que isso poderia acontecer. Vai ser difícil conseguir dormir tranquila agora em diante", desabafou Valdelice.