Dados levantados pelo pesquisador Túlio Kahn, do Instituto Latino-Americano das Naçoes Unidas para Combate ao Delito e Recuperaçao do Delinqüente, apontam uma contraditória relaçao entre o comprador e a vítima das armas. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de Sao Paulo, 93% das vítimas de arma de fogo em 1997 sao homens, jovens, pobres e moradores da periferia. Mas sao os mais ricos e de nível escolar mais alto que possuem, proporcionalmente, mais armas em casa.

De acordo com dados do pesquisador do Ilanud junto ao Instituto de Estudo da Religiao, o perfil das residências mostra que 19% dos lares onde a renda é superior a R$ 2,3 mil possuem arma de fogo. E apenas 3% com renda até R$ 780 apresentam uma. "Ao menos ao que diz respeito as armas confessáveis pela populaçao, a existência é claramente maior entre mais ricos e escolarizados, que, nao por acaso, sao as maiores vítimas de crimes contra o patrimônio. Parece haver uma relaçao entre posse de arma em casa e probabilidade de ser vítima de crimes contra o patrimônio", afirmou.

Segundo Kahn, o perfil do proprietário de arma ilegal mostra que 77% das apreensoes foram feitas junto a homens de baixa escolaridade (ensino fundamental incompleto), conforme a Associaçao dos Advogados Criminalistas do Estado de Sao Paulo.

Contrabando - O pesquisador rebate os argumentos dos fabricantes de que as armas em maos de bandidos sao fruto do contrabando. O Viva Rio, organizaçao nao-governamental carioca, aponta que 78% das armas apreendidas no Rio de Janeiro sao brasileiras. Ou seja, foram furtadas ou roubadas e passaram a ser ilegais no país ou foram exportadas e, depois, contrabandeadas, retornando na clandestinidade.