Não é fácil trabalhar com o universo do erotismo. Detalhes em excesso e conteúdo fraco podem fazer com que uma história seja apenas apelativa. Apesar das dificuldades, Victor Diógenes apostou no tema para fazer sua estreia no mercado dos quadrinhos. Natural de Santo André, ele levou mais de um ano para desenvolver o projeto visto agora nas páginas de 'Juliet Circus - Um Sorriso no Canto da Boca' (Conrad Editora, 72 páginas, R$ 39,90 em média), que trabalha a sensualidade dentro do universo circense sem perder a classe.

"Já tinha um tema pronto na cabeça, mas ainda pouco desenvolvido. Não queria explorar esse tom erótico de maneira vulgar", explica o autor, responsável pelo roteiro e ilustrações e que admira os desenhos de nomes como Adam Hughes e Milo Manara. "Quem quiser se meter nesse tipo de trabalho precisa ter uma ideia mais abrangente do que só uma história safada. O erótico é apenas um elemento e é preciso apresentar coisas diversas", afirma.

Morando na cidade de São João da Boa Vista, o quadrinista de 35 anos apresenta o cotidiano do circo da família Arguti por meio das ações da sensual Juliet. A infância vivida no picadeiro, alguns episódios marcantes da juventude e a atual fase fazendo shows ao lado das irmãs recheiam o livro. Diversos momentos contam com cenas mais ousadas envolvendo as aventuras sexuais da protagonista. Boas tiradas nos diálogos desenvolvidos dão certo tom de sagacidade para a personagem sem papas na língua. A ideia do autor é transformar o quadrinho em uma série.  

Segundo Diógenes, o fato de Juliet ter um trabalho específico dinamiza a trama. "Nesses tipos de HQs eróticas, as mulheres não têm com que se preocupar. Quando você coloca esses objetivos a mais, surge um resultado melhor", diz. "É uma indução erótica, mas a equilibro com outros temas, como o amor, problemas sociais e as atividades circenses."

Um dos aspectos que chama a atenção em 'Juliet Circus' é seu resultado gráfico. As mulheres imaginadas pelo quadrinista ganham aspecto de vedetes e estão longe de serem desproporcionais como muitas personagens que buscam chamar a atenção somente dos hormônios dos leitores. A presença de cores vivas destaca o título. "Pensava no universo circense e no design sofisticado como um livro colorido. Com essa história de alegria que conto, não podia carregar no traço em preto em branco", analisa.

Entre belas garotas que brincam no trapézio, ajudam a fazer mágicas e manipulam arcos e flechas, é possível manter o bom gosto em meio a perversão.