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'ABC encara exportaçao', diz assessor da Apex
Antonio Rogério Cazzali
Da Redaçao
09/09/2000 | 16:58
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  O assessor da Agência de Promoçao à Exportaçao (Apex), Maurício Borges, esteve recentemente, na UniABC, em Santo André, para conversar com cerca de 100 micro, pequenos e médios empresários do Grande ABC. Em entrevista concedida ao Diário, Borges destacou o apoio oferecido pela agência e os esforços de outras entidades nesse sentido, a exemplo do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Banco do Brasil.

Ele destacou ainda o grande potencial existente na regiao, a boa qualidade dos produtos e a iniciativa de várias empresas que já estao vencendo as barreiras naturais impostas pelo desconhecimento da operaçao. Segundo ele, além de produtos, as parcerias com outros países relativas ao segmento de serviços também pode ser uma boa opçao para as micro e pequenas empresas aumentarem seu faturamento e transitarem com maior estabilidade nos mercados interno e externo, sendo que isso pode representar segurança, uma vez que o desequilíbrio de um deles pode ser compensado com as vendas no outro.

Para o assessor da Apex, os setores moveleiro, plástico e de autopeças sao atualmente os mais interessados em vender seus produtos lá fora. Segundo Borges, o mais importante nesta fase atual é que, além da participaçao em seminários e outros eventos afins, os micro, pequenos e médios empresários da regiao tomem a iniciativa de procurar os órgaos que existem especialmente para cumprir essa missao. Ele reforçou que além dos pacotes oferecidos pela Apex, a entidade também desenvolve, em parceria com a empresa interessada, um programa específico para que ela venda no exterior os seus produtos ou serviços.

Para o assessor da Apex, a confiança das empresas do Grande ABC, a respeito das exportaçoes, só virá com a obtençao de informaçoes e com o sucesso nas primeiras remessas de produtos ao exterior.

DIARIO - Como o sr. vê o potencial do Grande ABC para as exportaçoes?
MAURICIO BORGES - Acredito que o Grande ABC, a exemplo de algumas outras regioes do país, já começa a sair da fase embrionária para adentrar em uma etapa que é a da busca de informaçoes. Elas estao saindo de uma mentalidade voltada apenas para o mercado interno e já passam a pensar: Eu posso, eu tenho condiçoes de vender lá fora o que produzo aqui. O mais importante é que a sede de informaçoes nesta área está sendo saciada por uma série de órgaos como o Sebrae, entidades de classe e Banco do Brasil, entre outros. Cabe ressaltar que em toda corrida, uns despertam antes que outros, e é isso o que está ocorrendo. Há empresas que já estao atingindo uma maturidade maior em relaçao a outras. É importante que elas nao fiquem passivas. Elas podem e devem propor parcerias com a Apex. Nossa funçao é realmente esta: promover a exportaçao. A nossa parceria com o setor privado tem dado bons resultados.

DIARIO - Que setores se destacam quanto às exportaçoes dentre as micro, pequenas e médias empresas da regiao?
BORGES - Eu nao diria que há setores que já se destacam. Eu diria que o potencial maior para exportaçao está nas autopeças, fábricas de móveis e empresas do setor plástico. Inclusive, já existe um programa que abrange o Brasil todo para a exportaçao de móveis ao Reino Unido e Estados Unidos. Nao tenho informaçoes precisas, mas me parece que empresas do setor moveleiro de Sao Bernardo também já participam desse programa de exportaçao. Nesse projeto, o Sebrae tem dado um apoio importante.

DIARIO - E quanto ao potencial da regiao referente à prestaçao de serviços?
BORGES - A meu ver, o Grande ABC tem um potencial de serviços enorme. Entretanto, é preciso que se faça um estudo a fim de se descobrir que tipo de serviços nós poderemos estar trabalhando em parceria visando o mercado externo.

DIARIO - Qual a importância de eventos que discutam as exportaçoes para as empresas do Grande ABC ?
BORGES - Um dos aspectos mais importantes desses seminários está nesse contato direto que a Apex tem com os empresários. Eventos assim sensibilizam o empresário a nos procurar. Ela percebe que tem condiçoes de atingir o mercado externo e encontra em nós um caminho seguro de fazer isso. Entao, nós apresentamos nossa vocaçao, a empresa interessada fica nos conhecendo e, a partir daí, começamos a trabalhar em conjunto. Nessa parceira, ou o empresário utiliza alguns de nossos recursos ou entao, desenvolvemos em parceria a estratégia exata que ele está querendo.

DIARIO - O empresário do Grande ABC acredita realmente no potencial que tem. Ele está a fim de enfrentar uma concorrência lá fora?
BORGES - No fundo, todo empresário tem consciência de que o produto brasileiro é bom. O que falta, às vezes, é ele quebrar esse gelo. Depois que ele tem a sua primeira experiência, de visitar uma feira, de participar de uma missao comercial em outro país, ele percebe que tem condiçoes, que pode fazer algo similar. Para ilustrar bem o que eu estou dizendo, vou contar aqui um caso recente. O Sindivest, de Brasília (DF), organizou uma comitiva, por meio da qual cerca de 15 empresas de malha do Brasil participaram de uma feira de malhas, na Itália, que oferecia possibilidades de negócios. Esse grupo foi até lá e fez contato com duas entidades grandes que também participavam do evento e que queriam importar determinado produto. Depois do acordo firmado, os empresários brasileiros voltaram para cá e se perguntavam: Será que é só isso ? Deve ter algo errado... Eles nao conseguiam acreditar que a partir daquele contato já estariam fechando uma parceria. O que eu quero destacar é que existem os trâmites, é claro, porém, nao é nada sobrenatural. A facilidade do processo serve de estímulo.

DIARIO - Exportar ainda é um tabu para o micro, pequeno e médio empresário?
BORGES - Sim, ainda existe aquela idéia de que exportar é trabalhoso, complicado, entretanto, o empresário que consegue vencer essa aversao inicial vê que a coisa é bem mais simples. Com o passar do tempo, e desconfiança vai sendo superada pelos bons resultados.

DIARIO - Quem exporta corre o risco de sofrer calote?
BORGES - O empresário pode deixar de receber por seus serviços e produtos aqui dentro mesmo. Essa nao é a questao. O calote existe em qualquer lugar. Cabe ao empresário saber com quem está negociando. Ele pode, antes de fechar qualquer contrato, informar-se sobre as medidas que precisa tomar para nao ser ludibriado. Nao é porque o sujeito veio do exterior querendo comprar o seu produto que você terá de vender. É preciso puxar o cadastro deste empresário, buscar todas as informaçoes possíveis.

DIARIO - O sr. destacaria uma cidade em especial, no Grande ABC, com maior potencial para exportaçao ?
BORGES - Fica difícil estar apontando essa ou aquela cidade. O que destaco é o enorme potencial do Grande ABC em virtude de a regiao abrigar um grande número de empresas privadas.

DIARIO - Já existem companhias que prestam esse serviço de exportaçao, responsabilizando-se por todos os trâmites ?
BORGES - Sim, as comerciais importadoras (trade companies) já fazem isso. Você chega para uma delas e diz: meu produto é esse e eu quero vendê-lo lá fora. Eu nao falo inglês, nao falo francês, nao falo italiano... Ela entao pergunta a você: Quanto custa seu produto? A partir daí, essas empresas procuram o importador interessado em seu produto e fazem o negócio. É bem verdade que esse serviço tem um custo, mas que pode transformar-se em investimento caso você nao tenha condiçoes de efetuar a operaçao. Há um certo custo, porém, a contrataçao desse tipo de serviço pode reduzir muitas dores de cabeça.

DIARIO - O empresário está se aprimorando em outros idiomas a fim de facilitar o processo de exportaçao de seus produtos ?
BORGES - Ultimamente, os empresários começaram a estudar inglês e espanhol. Eles buscam travar uma comunicaçao sem ruído; querem também entender o que está escrito nos documentos, compreender as leis estrangeiras etc.




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