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Vicentinho e Vanessa Damo abrem as contas
Raphael Di Cunto
Especial para o Diário
29/08/2010 | 07:55
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Embora a legislação eleitoral não obrigue, os deputados estadual Vanessa Damo (PMDB) e federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT), ambos candidatos à reeleição, mostraram a relação de doadores de campanha para o Diário.

Dos R$ 228 mil arrecadados por Vanessa até a última prestação de contas, 43% veio de recursos próprios - a candidata desembolsou R$ 100 mil para financiar a campanha. Outra parte, de 31%, veio de empresas - R$ 20 mil da Usina Alta Mogiana, de São Joaquim da Barra (SP), e mais R$ 30 mil em papel, da Suzano Papéis e Celulose.

Segundo o coordenador da campanha da peemedebista, José Carlos Orosco, não há motivo para esconder o nome dos doadores. "São empresas que acreditam no nosso trabalho."

Já Vicentinho usou sua página na internet para fazer a prestação de contas. Ele recebeu até o momento R$ 132 mil de empresas - Auto Posto Dom Pepe Ltda, Proema Automotiva e Arcoenge Ltda, esta última fez duas contribuições de R$ 50 mil.

"Isso é obrigação dos políticos, que são funcionários do povo e devem prestar contas a ele", garante Vicentinho.

Os postulantes têm até um mês após a eleição, segundo versa o Código Eleitoral, para apresentar dados detalhados sobre arrecadação e despesas da campanha. O prazo limite para disponibilizar as informações ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é de 2 de novembro, para quem concorrer ao primeiro turno, e 30 do mesmo mês, para os participantes do segundo turno - se houver.

O presidente da comissão de Direito Eleitoral da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, Sílvio Salata, defende que essa suposta omissão, na verdade, representa um direito previsto na Constituição Federal. "É direito fundamental a reserva de dado, o que só é permitido porque somos uma democracia", afirmou.

Esse direito permite aos candidatos esconder o nome de empresas e até pessoas físicas que financiam suas campanhas, tirando do eleitor a possibilidade de saber quem está pagando a conta dos políticos, o que é criticado por parte dos especialistas e organizações civis.

"Quanto mais transparente o processo, melhor para o eleitor", declarou o cientista político Rui Tavares Maluf. Para ele, o sistema ideal de arrecadação iria permitir apenas doações de pessoas físicas, para evitar interferências no processo. "Empresas têm interesses diversos e, se doam, expressam a vontade de seus donos, não de toda a companhia. O que seria solucionado no caso de pessoas físicas, porque ai cada um é responsável para onde vai seu dinheiro", ressalta.Contudo, essa hipótese é remota. "Não é algo que dá para fazer de um dia para o outro", reconhece.

Nas campanhas dos candidatos do Grande ABC, o dinheiro de pessoas jurídicas representou 41% das doações até o início de agosto, quando ocorreu a última prestação de contas - montante de R$ 527 mil. No total, os políticos angariaram R$ 1,6 milhão, somados repasses de partido e investimento do próprio bolso.




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