A polêmica em torno dos prós e contras da clonagem será discutida nesta terça-feira na quinta palestra do 3º Ciclo de Debates Diário do Grande ABC. Três especialistas que são referência no país nas áreas de biologia e bioética irão apresentar suas visões sobre Genética e Ética e debater com o público os impasse em relação ao uso de alimentos transgênicos no país e o estudo de clonagem terapêutica feita por meio de embriões.

O debate acontece às 19h30 no auditório do Imes (Centro Universitário Municipal de Ensino Superior de São Caetano do Sul), na avenida Goiás, 3.400, no bairro Barcelona. As inscrições são gratuitas, porém limitadas, e podem ser feitas até 16h pelo telefone 4435-8304.

Do ponto de vista da coordenadora do Centro de Estudos de Genoma Humano da USP (Universidade de São Paulo), Mayana Zatz, a política brasileira ainda é um empecilho para avanços nos estudos na área de pesquisa feitos com células-tronco de embriões. Segundo ela, não há problema ético em relação à questão porque as pesquisas só utilizariam embriões que seriam descartados por clínicas de fertilização. “A técnica não interrompe vidas, mas, se desenvolvida, pode salvar várias.” Ela mostra como exemplo casos de tratamento de doenças neuromusculares.

A cultura de alimentos transgênicos será abordada pela coordenadora da Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace, Mariana Paoli. Definitivamente contra os transgênicos, Mariana defende a tese de que faltam estudos sobre os riscos que alimentos alterados geneticamente podem trazer para os seres humanos. “Sabe-se sobre o impacto ambiental, a perda da biodiversidade e a contaminação genética no meio ambiente. Esses argumentos já são suficientes para mostrar que a técnica traz danos irreversíveis”, disse.

Também participante do evento, o professor de bioética no Centro Universitário São Camilo João Valdecir Batistiolle ainda não tem posição definida sobre a ética em ambos assuntos. “Existem pontos a favor e contra muito fortes. O desenvolvimento da tecnologia acabou atropelando as discussões e, por esse motivo, alguns países ainda não se definiram.”

O professor se preocupa com as implicações sociais, ético-filosóficas e teológicas decorrentes da clonagem terapêutica. “Existe uma grande polêmica sobre a utilização de embriões que precisa ser melhor discutida”, disse. Sobre desenvolvimento de clonagem, ele ressaltou que futuramente poderá acontecer uma divisão de raças. “É preciso avaliar se os beneficiados serão somente os que têm melhor poder aquisitivo”, afirmou.