Partido inicia processo para retirar de suas fileiras
superintendente do Semasa investigado em CPI
Com a maré de denúncias sobre o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), que envolvem o superintendente da autarquia, Ângelo Pavin, em suposto esquema de cobrança de propina para liberação de licenças ambientais, a executiva estadual do PMDB age para desligá-lo rapidamente da agremiação. O principal objetivo é evitar a contaminação da pré-candidatura de Paulo Pinheiro ao Paço de São Caetano, da qual Pavin é um dos articuladores e também se afastará.
Com o desgaste em Santo André, o diretório teme que adversários políticos atrelem o nome de ambos durante a corrida ao Palácio da Cerâmica. A informação foi confirmada por fontes ligadas a Pinheiro e a Pavin, que são amigos pessoais e têm a mesma profissão: médicos.
Para não haver ruptura desgastante, o superintendente do Semasa teria de pedir afastamento da legenda, para não haver processo de expulsão, o que complicaria ainda mais a situação.
Nos bastidores também comenta-se que a atitude se mostra urgente, pois pesquisas informais mostram que a população compreendeu que a pré-candidata da situação é a assessora especial de Ação Social da Prefeitura, Regina Maura Zetone (PTB), e não Pinheiro, que é dissidente do grupo governista.
O vereador se mostrou surpreso com a notícia. "Para mim isso é novidade. Ele é meu amigo, independentemente de qualquer coisa. Mas essas coisas (falta de informação) mostram que eu não tenho muita ligação política com ele, é mais de amizade. É opinião dele (Pavin) e o que ele fizer será de modo consciente", discorreu.
Coincidência ou não, após circular a informação de que a sigla quer se distanciar de Pavin, Pinheiro já fala em expectativa de crescimento do PMDB em São Caetano. O principal fator para a análise, porém, decorre da posse como presidente do PMDB municipal, ocorrida na quinta-feira.
Também citado na CPI do Semasa, embora menos desgastado, o ex-diretor de Gestão Ambiental a autarquia andreenseJarbas Elias Zuri assumiu a função de articular das estratégias eleitorais da legenda em São Caetano. O ex-diretor de Transportes da Prefeitura são-caetanense Moacir Guirão também está à frente das ações - tem procurado atrelar seu nome à função de interlocutor do vereador, após romper no ano passado com o prefeito José Auricchio Júnior (PTB).
A equipe do Diário tentou, por diversas vezes, contato com o superintendente do Semasa ontem, tanto em seu celular como por meio de sua assessoria de imprensa. Mas Pavin não retornou às ligações para esclarecer a situação.
Após oitivas, CPI dará veredicto se mantém apuração
Fábio Martins
Os depoimentos dos empresários Alaor Fratta, proprietário da construtora Fratta, e Luiz, da Terracota Empreendimentos, na segunda-feira, são considerados peças-chave para a continuidade ou não das investigações no âmbito parlamentar de Santo André. Com prazo preliminar de encerramento datado para 2 de maio (data definida pela assessoria jurídica da Casa), a CPI poderá finalizar a apuração, caso ambos neguem ter sofrido eventual extorsão de agentes públicos para conseguir a liberação de licenças ambientais no Semasa.
A responsabilidade sobre a conclusão fica a cargo da relatoria, nas mãos do vereador Toninho de Jesus (DEM). Para ele, é prematuro, neste momento, adiantar se o prazo oficial de 45 dias será suficiente para terminar a apreciação do episódio, que averigua possível esquema de propina em venda do documento às empresas. "Não dá para prever qualquer posicionamento, pois é imprevisível qualquer depoimento. Depende do que será dito."
O democrata sustentou que, de forma alguma, a investigação "cairá em descrédito" porque manterá a transparência e isonomia, seguindo a linha das demais averiguações em trâmite no Ministério Público e Polícia Civil. Para ele, nada está resolvido até agora, rechaçando que houve pedido do prefeito Aidan Ravin (PTB) para enterrar a CPI. "Hoje estamos no meio. Se faço algo agora, posso me contradizer. Fica na dependência dos elementos. Se não tiver comprovações e concluir dia 2, vejo como normal, mas se não der tempo, prorrogaremos, sem problema."
Toninho não descarta que outras pessoas sejam arroladas no processo. O parlamentar argumentou que, por enquanto, não está convencido para fechar a análise, postura que, segundo ele, será tomada em conjunto com demais integrantes da CPI. "Não tomarei decisão arbitrária, sozinho. Faço parte de equipe."
Aidan entra com ação por difamação contra Calixto
O prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), entrou ontem com ação judicial contra o advogado Calixto Antônio Júnior, acusado de ser mentor do esquema de venda de licenças ambientais no Semasa. O petebista processa Calixto por injúria, difamação e danos morais em razão de o advogado ter declarado à CPI que Aidan faz parte de "quadrilha de corrupção".
A ação tratará da irresponsabilidade em fazer acusações sem apresentar prova material. Considerando mentirosas as declarações, o documento cita que há uso de jogo político para manchar a imagem do prefeito.
Aidan argumenta que Calixto o envolveu na acusação para tentar desviar o foco das investigações, já que, na denúncia, o advogado é acusado de participação no esquema.
Após acusações graves à CPI, Calixto não compareceu quinta-feira à oitiva na polícia. Ele garantiu, porém, que não recuou e manterá firme sua postura. "Não vou retroceder. Só que pessoas estavam rodeando meu escritório, em São Bernardo. Vou pedir proteção."
O delegado Gilmar Camargo Bessa, que preside o inquérito, adiantou que a polícia está à disposição. "Se for o caso, coloco a minha estrutura policial, investigadores, até para trazê-lo, garantindo a sua vinda (para depor)."
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