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Estudo brasileiro é publicado no Exterior
08/06/2010 | 08:22
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Um estudo publicado na revista Stem Cells and Development descreve pela primeira vez na literatura científica uma linhagem brasileira de células humanas geneticamente reprogramadas para funcionar como se fossem células-tronco embrionárias.

O trabalho, liderado por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, detalha a transformação de células da pele em células pluripotentes, capazes de se transformar em vários tecidos especializados.

A reprogramação genética é feita pela inserção de genes ligados a características embrionárias no genoma de uma célula adulta (neste caso, da pele), fazendo com que ela volte a se comportar como se fosse uma célula embrionária.

Tradicionalmente, são usados quatro genes - OCT4, SOX2, KLF4 e C-MYC -, introduzidos nas células por meio de vetores virais. No estudo brasileiro, porém, os cientistas usaram apenas três genes: C-MYC, SOX2 e um outro, inédito, chamado TCL-1A.

Análises de expressão gênica e diferenciação espontânea in vitro comprovam que as células da pele foram reprogramadas com sucesso pelos três genes e voltaram a ser pluripotentes. Com uma ressalva: injetadas sob a pele de camundongos, elas não chegaram a formar teratomas, um tipo de tumor misto, formado por células de diversos tecidos.

A formação de teratomas é vista como prova essencial na caracterização de células embrionárias e equivalentes, como as células-tronco de iPS (pluripotência induzida), produzidas pela reprogramação de células adultas. Por isso, o revisor do trabalho na revista aceitou que as células fossem chamadas de pluripotentes, mas não de iPS. "Significa que elas estão um pouco abaixo das iPS em seu potencial de diferenciação", explica o pesquisador Dimas Tadeu Covas, diretor-presidente da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto. "Vamos explorar se isso tem alguma vantagem do ponto de vista prático."

"O fato de não ter havido formação de teratomas pode ser bom ou ruim. Esperamos que seja bom", diz a pesquisadora Virgínia Picanço-Castro, também do hemocentro.

Um dos problemas de trabalhar com células embrionárias, diz ela, é justamente a dificuldade de direcionar sua diferenciação para tecidos específicos. Elas são tão versáteis e espontâneas que se torna difícil controlá-las. Nesse aspecto, as células produzidas em Ribeirão podem ser até mais seguras para um eventual uso terapêutico."




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