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Esgoto na Billings alimenta Salvínia
Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
13/11/2004 | 16:43
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A vida útil da Salvinia s.p depende da carga poluidora da água. A constatação é da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) que realizou um estudo sobre a planta aquática. Os técnicos da universidade comprovaram que a proliferação da planta aquática depende do nível de poluentes presentes na água, segundo informou um dos professores envolvidos no estudo, Jorge Rubio, do departamento de Engenharia de Minas da UFRGS. No último fim de semana, a planta voltou a ocupar a superfície da represa Billings. Há duas semanas, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) havia anunciado o fim da proliferação desordenada das salvínias.

Segundo Rubio, a salvinia é uma planta comum em vários pontos do país e do mundo. Para que apareça basta haver ambiente favorável (dias quentes, típicos do clima tropical) e alto índice de nutrientes (em especial nitrogênio e fósforo). Em um cenário desses, a espécie é capaz de produzir mil quilos diários de biomassa por hectare.

“Está quente e estamos em um país tropical, por isso a salvinia se transformou em uma praga na represa”, afirmou o professor. A insistência da planta em tomar a represa, no entanto, ainda não é uma ameaça ao ecossistema aquático ou alerta para alterações no tratamento da água capaz de evitar problemas de abastecimento. “Mas a retirada constante da planta da represa deve ser colocada em prática imediatamente.”

De acordo com os estudos da UFRGS, a salvinia (que pode ser do tipo samambaia-aquática, marrequinha, erva-de-sapo e murerê) sobrevive dos nutrientes que a água concentra, seja por meio de processos naturais, de atividades rurais ou do esgoto doméstico. No caso da Billings, de acordo com o coordenador executivo do Programa de Mananciais, Ricardo Araújo, ainda não há um diagnóstico completo da situação do despejo de esgoto clandestino. Por ora, o grupo de trabalho se baseia em dados do censo de 2000. Pelo menos 860 mil que vivem na orla da represa não contam com saneamento básico.

Por permanecerem na Billings depois de mortas é que as salvínias podem gerar riscos ao abastecimento, segundo o professor da UFRGS. Rubio disse que ao ficar saturada de poluentes, a salvinia morre. Sem vida, a planta aquática continua na superfície da água. “Conseguimos perceber que ela está morta porque exala um cheiro ruim e também pela concentração de insetos.”

Billings – Sexta-feira, a mancha da salvinia que voltou a se proliferar na represa havia migrado para o lado oposto ao braço Rio Grande. Um pouco maior do que no dia anterior, ela continuava na altura do Km 29 da via Anchieta. Sexta-feira, estava próxima à avenida Portugal, que dá acesso ao Parque Estoril. A prainha do parque – um dos pontos mais afetados nos últimos quatro meses – ainda continuava limpa.

Apesar da nova situação apresentada pelo estudo da UFRGS, a Sabesp não informou ao Diário se vai retomar o mutirão de limpeza da represa para garantir a retirada da planta. Nos últimos dois meses, funcionários da companhia e dos municípios banhados pelas águas da Billings participaram do mutirão. O esforço concentrado levou a Sabesp a anunciar, há duas semanas, o fim da salvínia. A planta, no entanto, voltou a se proliferar desordenadamente, ocupando a superfície da represa desde o último fim de semana.




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