Esportes Titulo Confidencial
Atletas à espera de uma chance
Anderson Fattori
06/08/2019 | 07:39
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O Brasil é um País de dimensões continentais. Segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), tem mais de 208 milhões de habitantes. E, mesmo assim, luta pela segunda posição no quadro de medalhas dos Jogos Pan-Americanos com Canadá e México, que, juntos, somam 166 milhões de pessoas, ou seja, têm 20% a menos de chances de garimpar talentos entre sua população. A frieza desse dado mostra quão desinteressados somos esportivamente. Já imaginou a potência que seríamos se tratássemos o esporte com a devida importância que ele merece?

Temos em São Caetano exemplos de jovens inseridos no PEC (Programa Esportivo Comunitário) e que se tornaram grandes atletas. Um deles é o maior ginasta brasileiro da história, Arthur Zanetti, medalha de ouro nos Jogos de Londres-2012 e prata no Rio de Janeiro-2016. Durante o Pan, que está acontecendo em Lima, ganhou notoriedade também a história da taekwondista Milena Titoneli, que ontem esteve nos estúdios da DGABC TV para participar do Diário Esportivo. Aos 13 anos ela foi levada pela mãe para praticar esporte porque estava acima do peso. Só havia vagas no judô e no taekwondo e, sem nunca antes ter pisado em um tatame, escolheu o segundo para praticar. Como ela mesma diz, foi “amor à primeira vista” e, na semana passada, sete anos depois, tornou-se a primeira mulher brasileira a conquistar uma medalha de ouro em Pan na modalidade.

As histórias de Zanetti e Milena, com certeza, seriam as mesmas de muitos outros brasileiros se programas como o PEC fossem replicados em outros municípios, se os nossos jovens tivessem oportunidades de experimentar modalidades que vão além do futebol. Nos campos, aliás, somos os únicos pentacampeões do mundo justamente porque em cada esquina tem uma quadra para praticar. Esse desinteresse faz com que resistamos entre os primeiros no quadro de medalhas no Pan porque o brasileiro é, acima de tudo, um povo guerreiro e persistente. Não existe uma só história de esportista vitorioso que não venha carregada de dramaticidade, de dificuldade para treinar e, principalmente, de disputar competições no Exterior. Muitos, certamente, desistem antes mesmo de chegar a um mundial ou aos Jogos Pan-Americanos e Olímpicos.

Claro que existem outras prioridades, na saúde e educação, por exemplo, mas precisamos entender de uma vez por todas que se um jovem está na quadra praticando esporte ele não tem tempo para ficar na rua aprontando ou aprendendo o que não deve. Se ainda não está convencido, saiba que dados da ONU (Organização das Nações Unidas) fornecidos pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) revelaram que para cada US$ 1 investido no esporte, são economizados quase US$ 3 em ações de saúde.

E não existe perspectivas de evolução. Além de ter tido o Ministério do Esporte excluído na reforma realizada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) – agora pertence ao Ministério da Cidadania –, programas importantes sofreram cortes. O Bolsa Atleta, que garante um salário para os esportistas de alto nível, teve redução de 47,5% no fim de 2018, ainda no governo de Michel Temer (MDB). Foram excluídos, por exemplo, investimentos em atletas estudantis e de base, ou seja, agora o orçamento só prevê auxílio para quem já está no auge, competindo, o que dificulta e muito o surgimento de novos ‘Zanettis’ e ‘Milenas’.

SINAL AMARELO
As duas derrotas seguidas do Santo André na Copa Paulista – por 1 a 0, para o ex-lanterna Grêmio Osasco, e por 3 a 0, para o rival EC São Bernardo, ambas em pleno Bruno Daniel – acenderam de vez o sinal de alerta no clube. Claro que ninguém da diretoria tinha grandes expectativas com relações aos resultados, mas em um grupo que conta com Ponte Preta e Osasco disputando o torneio com equipes bastante jovens, se classificar pelo menos para a segunda fase não é mais do que obrigação.
Por enquanto, o Ramalhão ainda é o quarto colocado do Grupo 4, ou seja, está no limite entre os times que avançam à próxima fase. Não se classificar, com certeza, seria catastrófico para geração formada na base e que tem na competição a última chance de conquistar espaço no elenco ramalhino que vai disputar o Campeonato Paulista de 2020.

EXTREMO
Do outro lado da tabela está o São Caetano, que mostrou a diferença que faz um bom treinador no comando. Desde que chegou ao Azulão, Marcelo Vilar tem acumulado vitórias. Foram seis consecutivas, que classificaram o time para a segunda fase com três rodadas de antecedência.

PALPITÃO DO FATTORI
Na última semana foram cinco acertos em sete chutes – nenhum na mosca, é verdade –, mas confesso que apostar em favoritos é moleza. Desta vez projeto muito mais dificuldades, com partidas imprevisíveis. Brasileirão: Corinthians 2 x 0 Goiás (jogo adiado da sétima rodada); São Paulo 1 x 1 Santos; Inter 0 x 0 Corinthians; e Palmeiras 2 x 0 Bahia. Copa Paulista: Ponte Preta 0 x 0 Santo André; EC São Bernardo 2 x 0 Grêmio Osasco; e São Caetano 1 x 2 Água Santa. 




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