Asprilla estava parado com seu Jaguar verde, esportivo, no semáforo das Ruas da Consolaçao com a Oscar Freire, nos Jardins, por volta das 19h30, quando um dos garotos bateu no vidro com o cabo da arma. O assaltante mandou o jogador entregar o relógio, o celular e a carteira com dinheiro e os cartoes. Segundo Asprilla, o ladrao parecia drogado, falava baixinho. Depos, correu com seu comparsa, depois que a vítima lhe entregou o celular e o relógio.

O jogador procurou policiais militares do patrulhamento do bairro e descreveu os assaltantes. Um deles aparentava 18 anos e o outro, 17.

Os soldados de um carro da radiopatrulha localizaram os menores, algum tempo depois, na Alameda Lorena, quando tentavam assaltar o motorista de um Audi preto. Para surpresa dos policiais, um dos ladroes, D.F.S., que segundo Asprilla aparentava 17 anos, tem 12. O outro, que estava com a arma de plástico, R.A.L., tem 15 anos.

Os menores foram reconhecidos pelo jogador e revelaram que tinham vendido o relógio, um Bulgari, por R$ 200,00. "A gente quando pega um relógio bom vende logo", disse R.A.L. Afirmou ainda que tinha vendido o celular por R$ 20,00.

Levados pelos PMs para a Rua 24 de Maio, no centro, os menores indicaram como comprador do Bulgari Antonio Ricardo da Silva, de 18 anos, que tomava cerveja no Bar do China. D.F.S. revelou aos militares que Silva também compra colares, anéis e pulseiras que a dupla rouba de mulheres nos cruzamentos dos Jardins.

Ao receber voz de prisao, Silva nao teve como se defender. Estava com o relógio do jogador no pulso. Levado para o 78º DP, foi autuado por receptaçao e formaçao de quadrilha.

Os menores, que foram levados para a Febem, disseram nao conhecer Asprilla. Eles sao torcedores do Corinthians. R.A.L. e D.F.S. moram na zona sul e disseram praticar assaltos todas as semanas. Com o dinheiro da venda de relógios, os adolescentes declararam à polícia que pretendiam comprar uma arma de verdade.

Segundo os policiais, o jogador disse que "anda assustado" com a violência de Sao Paulo e está pensando em deixar seus carros importados - o Jaguar e uma Cherokee - em casa.

Ele começou sua carreira na Colômbia e já jogou na Itália e na Inglaterra. No Parma, da Itália, largava as portas de seus veículos, um deles uma Ferrari, abertas. O mesmo ocorreu quando defendeu o Newcastle. "Jamais tive problemas", disse. "As pessoas me cumprimentavam nas ruas."