Peter Alouche, consultor em transportes, ressalta que monotrilho é a melhor opção para a Linha 18-Bronze
A possibilidade de alteração do projeto original da Linha 18-Bronze, que ligará a região à Capital, de monotrilho para BRT (transporte rápido por ônibus) coloca as sete cidades na direção contrária da modernidade, para onde caminham países de primeiro mundo. Essa é a visão do engenheiro elétrico e consultor em transportes Peter Alouche. “O Grande ABC é uma região importante e merece um sistema de transporte moderno, limpo ecologicamente e capaz de reurbanizar as cidades”, frisa.
A troca de modal é estudada pelo governador João Doria (PSDB) – o prazo para o anúncio é 30 de junho – sob a justificativa financeira, tendo em vista a necessidade de desembolsar R$ 600 milhões com desapropriações o longo do traçado. Entretanto, a promessa é avaliar a questão do ponto de vista técnico.
“Já foi realizado estudo sério e que analisou as diversas alternativas de transporte para o Grande ABC. Foi constatado que o monotrilho é a melhor opção, porque é elevado e se trata de região que inunda quando chove”, pontua Alouche. O especialista se refere ao projeto funcional da Linha 18-Bronze, feito em 2010 pela Prefeitura de São Bernardo. O documento serviu como base para o projeto executivo que culminou na assinatura de PPP (Parceria Público-Privada) entre o governo do Estado e o Consórcio Vem ABC para a construção do sistema – estão previstas 13 estações, saindo de Tamanduateí, em São Paulo, até o Centro de São Bernardo (parada Djalma Dutra), passando por São Caetano e Santo André.
A principal sugestão do especialista, integrante do UITP (Associação Internacional de Transporte Público), é que a tomada de decisões públicas levem em conta as consequências a médio e longo prazo. “Não estamos falando só de transportar pessoas, mas de reurbanizar toda a região por onde ele passa. Nunca vi um corredor de ônibus contribuir dessa forma para a melhoria urbana. É preciso revolucionar.”
Alouche observa que não é contra o transporte por ônibus, mas esclarece que cada modal cumpre um papel. “Ninguém vai eliminar os ônibus. Mas é preciso ter um sistema estrutural de alta capacidade e que seja rápido. Os ônibus são importantes para alimentar estes sistemas estruturais e fazer o trajeto até os bairros”, diz. Ele ressalta, entretanto, que é preciso se preocupar com o meio ambiente e substituir fontes poluidoras de combustíveis. “O Acordo de Paris diz que em cinco anos o diesel deve ser eliminado.”
Outro ponto abordado pelo especialista é a importância da participação popular no processo de escolha do modal que a beneficiará. “Na França, todas as cidades já têm ou estão implantando o transporte sobre trilhos. E houve pesquisas em todas as cidades. Quem tem de decidir é o povo, não o governante”, avalia.
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