Política Titulo Escândalo
Aidan exige fim
da CPI do Semasa

Prefeito manda governistas acabarem apuração da venda de
licenças ambientais temendo perder PSDB no arco de alianças

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
17/04/2012 | 07:48
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O prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), determinou aos vereadores governistas que enterrem a CPI do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), que investiga o suposto esquema de venda de licenças ambientais praticado na autarquia. O pedido foi feito ontem pela manhã, em reunião a portas fechadas no gabinete do petebista, no Paço.

Aidan foi a favor da abertura da CPI, no dia 8 de março, para mostrar lisura e transparëncia. Mas a situação ficou fora de controle com depoimentos que confirmaram o esquema. O prefeito ficou preocupado. Por conta disso, requisitou aos situacionistas que não estendam o prazo da apuração e que evitem a convocação de personagens que possam adicionar depoimentos ainda mais explosivos ao caso. O regimento interno da Câmara prevê que a CPI tenha duração de 45 dias, prorrogáveis pelo mesmo período. O primeiro limite se encerra no dia 23.

O grande temor do prefeito é perder o PSDB para o projeto de reeleição em outubro. Antes da abertura da CPI, Aidan oficializara diálogo para contar com os tucanos em seu arco de alianças e discutia-se até ceder a vice em sua chapa para amarrar o partido. Contudo, os andamentos das investigações no Legislativo chegaram aos ouvidos do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que quer evitar atrelar o tucanato a suspeitas de corrupção.

Alckmin avisou que a conclusão da CPI do Semasa será fundamental para a costura do acordo eleitoral em Santo André. Depoimentos envolvendo Aidan à suposta prática no Semasa distanciaram o PSDB da órbita petebista e encorparam a pré-candidatura do vereador Paulinho Serra (PSDB) à Prefeitura.

A determinação de Aidan foi realizar somente as duas oitivas já convocadas. A primeira será com empresários da Brookfield, empresa que retomou o projeto Cidade Pirelli. O empreendimento foi citado pelo advogado Calixto Antônio Júnior, apontado como um dos mentores do esquema delatado pelo ex-diretor de Gestão Ambiental Roberto Tokuzumi - os outros dois seriam Ângelo Pavin (PMDB) e Dovilio Ferrari Filho, superintendente e adjunto do Semasa. O segundo depoimento deve ser de Rosa Ramos, representante jurídica da construtora Fratta, uma das empresas extorquidas, segundo Tokuzumi.

O encontro pela manhã contou com as presenças dos vereadores Donizeti Pereira (PV), presidente da CPI, Toninho de Jesus (DEM), relator, e Almir Cicote (PSB) - eles negaram a reunião com o prefeito.

No entanto, a prorrogação da CPI já foi discutida entre os vereadores. Donizeti confirmou que até há pedido no departamento jurídico da Casa para saber qual o último dia de atividades da comissão. "Não sabemos se o prazo começa a contar a partir da instauração da CPI ou da publicação oficial. Há uma diferença de cinco dias, que pode fazer diferença nos trabalhos."

Cicote admitiu que, para dinamizar a atividade da CPI, é possível que o grupo acolha depoimentos feitos à Polícia Civil - que, junto com o Ministério Público, investiga o caso. "Daria tempo para nos concentrarmos em outros focos de apuração."

 

Integrante da comissão diz que atual diretor confirma prática

 

Integrante da CPI do Semasa, o vereador Marcelo Chehade (PSDB) afirmou que o atual diretor de Gestão Ambiental da autarquia, Márcio Moreno, confirmou a existência do esquema de venda de licenças ambientais no município. Moreno substituiu Roberto Tokuzumi, exonerado dias depois de relatar a suposta prática de extorsão na autarquia.

Ontem, Chehade, Donizeti Pereira e Toninho de Jesus estiveram na sede do Semasa para fazer varreduras nos documentos, como parte da investigação feita pela Câmara. Segundo o tucano, Moreno afiançou que há processos paralisados nas mesas de Ângelo Pavin (PMDB) e Dovilio Ferrari Filho, superintendente e adjunto da autarquia, e que os depoimentos de Tokuzumi e Calixto Antônio Júnior eram verdadeiros. Eles afirmaram que a orientação era brecar os pedidos antes da assinatura de Pavin para contatar empresários e cobrar ‘taxa' para liberação.

"Ele (Moreno) me disse, extraoficialmente, que o esquema existe, que há documentos travados no Semasa. E garantiu que falou à Polícia Civil (que também investiga o caso), em depoimento", revelou Chehade.

O delegado Gilmar Camargo Bessa, que lidera as investigações, negou que Moreno tenha confirmado a prática. "Ele afirmou desconhecer qualquer esquema de propina ou de extorsão."

 

ACAREAÇÃO

A defesa de Calixto Antônio Júnior, que confirmou a existência do sistema de venda de licenças ambientais em depoimento no Legislativo, vai pedir à CPI acareação entre o prefeito Aidan Ravin, o ex-secretário de Gabinete de Santo André Nilson Bonome (PMDB) e Tokuzumi. De acordo com Eder Xavier, advogado de Calixto, a requisição será encaminhada a Donizeti Pereira.




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