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Caoa condiciona compra de planta da Ford à Previdência

Investimentos do grupo, que cogita fabricar carros em São Bernardo, só ocorrerão com reforma

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
14/05/2019 | 08:20
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Nario Barbosa/DGABC


O empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, fundador da Caoa e atual presidente do conselho de administração do grupo, afirmou que há interesse na compra da fábrica da Ford, em São Bernardo, mas que este e os demais investimentos da companhia no País dependem da aprovação da reforma da Previdência. Ontem, ele se reuniu com o ministro da Economia, Paulo Guedes, em Brasília, e falou sobre o assunto na saída do encontro.

A Caoa já tinha afirmado o interesse na compra da unidade fabril da Ford da região, que mantém 2.800 funcionários diretos, e teve seu anúncio de fechamento formalizado em fevereiro deste ano. A justificativa da montadora norte-americana foi a saída da fabricação do segmento de pesados na América Latina.

De acordo com o empresário, as negociações estão sendo feitas com sócios do grupo, mas ainda é necessário conversar com fornecedores da Ford e o sindicato dos trabalhadores. “Já estivemos com os chineses, que estão interessados em fabricar carros conosco lá (São Bernardo). Existe uma grande possibilidade de a Ford voltar a funcionar, absorvendo todos os empregos”, afirmou.

“O que nós queremos do governo é que ele resolva o problema da Previdência e dessa crise que o Brasil está passando, para termos confiança de fazer o investimento. Tudo no Brasil hoje está dependendo muito da Previdência. Se a Previdência passar, nossos investimentos se multiplicarão”, completou Andrade.

Além da Caoa, mais duas empresas estão interessadas na fábrica, segundo o governador João Doria (PSDB), que intermedeia as negociações. No entanto, Doria esperava ter um desfecho até o dia 10, o que ainda não ocorreu. Os operários da planta aprovaram, em 30 de abril, proposta negociada entre o SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC) e a montadora para o encerramento dos contratos de trabalho. O PDI (Plano de Demissão Incentivada) foi definido com pagamento de até dois salários por ano de atuação na firma a cada funcionário, considerando a possibilidade de contratação por futuro comprador da fábrica.

Andrade também destacou que o interesse é o de que o grupo continue investindo no Brasil e que não haja preocupação com a redução de eventuais benefícios para o setor pelo governo. “O empresário que estiver pensando que vai receber ajuda do governo está perdendo tempo. Nunca recebemos benefícios do BNDES e de nenhum governo. Nosso investimento continuará crescendo independentemente do governo.”

Questionado sobre o possível aumento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em Goiás, devido à crise financeira do Estado, ele considerou que o governador Ronaldo Caiado (DEM) precisa tomar todas as medidas necessárias para equalizar as finanças. “Não consideramos deixar Goiás. A fábrica em Anápolis é sólida e tem investimento monstruoso. O governador é um homem íntegro e, com certeza, encontraremos uma solução”, respondeu, lembrando que a Caoa, há pouco, começou a fabricar dois novos modelos na planta. Além de produzir carros com a Chery, a empresa produz veículos da sul-coreana Hyundai e também é dona da maior rede de concessionárias da Ford no País.

Questionado sobre o assunto pelo Diário, o Ministério da Economia afirmou que Guedes e Andrade se reuniram a portas fechadas e que trataram de “investimentos no setor automotivo.” O encontro iria contar também com a presença de Doria e do secretário de Fazenda e Planejamento de São Paulo, Henrique Meirelles. No entanto, eles foram a Nova York, nos Estados Unidos, buscar compradores para estatais paulistas em encontro com fundos de investimentos estrangeiros.

O SMABC, a Prefeitura de São Bernardo e a Ford afirmaram que não iriam se posicionar sobre a questão. A Fazenda afirmou que não havia novidades sobre as negociações. (com agências) 




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