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Metalúrgicos protestam em Porto Alegre
Do Diário do Grande ABC
03/02/1999 | 13:57
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Cerca de 200 metalúrgicos fizeram um protesto, na manha desta quarta-feira, contra a demissao de 90 trabalhadores, na indústria de auto-peças DHB (Direçoes Hidráulicas do Brasil), em Porto Alegre.

Um dos diretores do sindicato da categoria, José Machado, colocou um cadeado fechando o portao principal da fábrica, para impedir a entrada dos trabalhadores.

A manifestaçao começou a partir das 5h30, com os sindicalistas parando três ônibus e convidando os empregados da DHB a participarem do protesto. Esta é a primeira mobilizaçao este ano contra a demissao nas indústrias metalúrgicas da regiao metropolitanas de Porto Alegre. No ano passado, ocorreram 15 mil demissoes nessa regiao.

O presidente da DHB, Luiz Carlos Mandelli, é um dos mais conhecidos empresários gaúchos e ex-presidente da Federaçao das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). No final da manha, ele anunciou negociaçoes à tarde com os operários. Segundo ele, as demissoes ocorreram porque as encomendas da indús-tria automobilística baixaram. Ele disse que vai propor aos operários a criaçao de um banco de horas.

Segundo o presidente em exercício do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, Alfredo Gonçalves, as demissoes foram feitas sem explicaçoes aos funcionários. Ele disse ainda que os funcionários demitidos receberam um comunicado explicando que a DHB vai pagar a multa rescisória em cinco vezes, em vez de integral e em 10 dias, como exige a legislaçao.

``Vou ver no que dá tudo isso. Se nada der certo, vou procurar novo emprego após o carnaval', contou um dos demitidos, o operador de máquinas Adenilson Dias, 33 anos. Ele trabalhava há cinco anos na DHB, é casado e tem três filhos. ``Ganhava R$ 803 e já era difícil e agora vai ficar muito mais. Nao dá para viver só com os R$ 426 que minha mulher Elizete ganha como auxiliar de limpeza'.

A intençao inicial dos trabalhadores era ocupar a fábrica, que emprega 800 trabalhadores. Mas eles desistiram, apesar da falta de reaçao dos dois guardas da DHB. ``Quem colocou esse cadeado com correntes?``, perguntou um soldado da Brigada Militar chamado para reprimir o protesto dos metalúrgicos. ``Já estava aí quando chegamos', desconversou um sindicalista.

O cadeado manteve fechado o portao principal da fábrica, localizada na Zona Norte de Porto Alegre. Os trabalhadores decidiram ficar na frente da indústria, mesmo com o anúncio do gerente de Recursos Humanos da empresa, Carlos Alberto Pereira, que depois de confirmar as 90 demissoes, informou sobre uma reuniao de negociaçao, na tarde desta quarta-feira, com uma comissao dos operários.

A DHB produz barras de direçao, semi-eixos e colunas para veículos. Os operários usaram um carro de som para protestar.

Mandelli disse que quer estabelecer ``medidas alternativas criativas' com os trabalhadores, como o banco de horas, para enfrentar a atual situaçao do mercado, com reduçao na produçao e vendas pela diminuiçao das encomendas pelas montadoras. ``Queremos medidas de proteçao para a empresa e para os trabalhadores', disse Mandelli.




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