A presença do espião do Grêmio tumultuou o ambiente do Corinthians, sexta à tarde, no Parque São Jorge. Na véspera da final da Copa do Brasil, às 15h de amanhã, no Morumbi, o auxiliar-técnico da equipe gaúcha, Cléber Xavier, lá estava para observar o treinamento do adversário. Repórteres das emissoras de rádio do Sul reconheceram o estranho no ninho.

De óculos escuros, o James Bond se posicionou atrás de um dos gols no último degrau das arquibancadas. Munido de um gravador, narrava observações que seriam depois transmitidas ao técnico Tite. Não deu tempo de concluir o trabalho. Wanderley Luxemburgo mandou que os seguranças o retirassem do local. “Mas na boa”, sugeria Luxemburgo, para não acirrar os ânimos. Apesar de tudo, o invasor reclamou da truculência. “Me empurraram, me agrediram...”, disse Xavier, em meio à confusão entre curiosos, jornalistas e seguranças.

Encaminharam Xavier para uma sala isolada. Ali, permaneceu durante dez minutos até que tudo se acalmasse. Em seguida, o liberaram para que pudesse regressar ao hotel em que a delegação gaúcha se encontra hospedada. Ninguém soube informar se tomaram ou não a fita utilizada pelo visitante.

Luxemburgo criticou a atitude do treinador rival, que mandou um dos integrantes da comissão técnica para desempenhar o papel de “James Bond”. “Considerei antiético. Penso que o submeteram a um risco desnecessário. Aqui, havia muitos torcedores que poderiam até agredi-lo”, afirmou. Indiretamente, Luxemburgo responsabilizou a diretoria. “Se ele pagou para entrar, tudo bem. Cabe a diretoria agora tomar uma atitude para coibir esse tipo de coisa.” O zagueiro Scheidt, dirigido pelo espião nos tempos em que era juvenil do Grêmio, lamentou o episódio. “Achei constrangedor”, disse. Já o atacante Éwerthon ficou indiferente. “Não muda nada. Não temos nenhum segredo”, disse.