Eles sonham em morar no campo, onde possam fugir da friagem e ter sol o ano todo. O casal vive em dois cômodos simples na casa da filha mais nova, Geni, 54, e relembra com saudosismo de quando se podia sair à porta de casa e prosear à vontade com os vizinhos.
Ex-lavradores de Governador Valadares, em Minas Gerais, vieram para São Bernardo no final dos anos 60 atrás de trabalho. Na pasta de documentos de Batista, restam poucos registros do passado: fotos amareladas, documentos e a informação do único emprego em carteira.
Ele começou a trabalhar no sítio de Júlio Cassiano, no Jardim Petroni, em São Bernardo, em 1972. A família fixou sua primeira residência na cidade, mas perdeu quase tudo numa enchente.
Com pouca instrução, seu Alípio fez de tudo para sustentar mulher e oito filhos (dois já morreram). “Não consegui ir para a escola e só aprendi a escrever o bê-a-bá. Guardo a folhinha, onde escrevi as primeiras letras para mostrar para os netos.”
Ele trabalhou como vendedor de roupas, guarda-chuvas e casas. “Tive carrinho de ambulante e Maria lavava roupa. Não dá mais para fazer nada, a minha perna está falhando.”
Hoje, recebem um salário-mínimo de aposentadoria. Mas a rotina não tira o bom humor do aposentado, que reserva causos para contar às visitas. “Um dia apareceu um moço que queria me roubar. Dei um sopro que fez ele cair”, disse, dando uma gargalhada. Dona Maria fala pouco, mas tem uma idéia fixa: voltar para Governador Valadares, atraída pelo calor da antiga cidade onde morava.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.