Oito pedidos de CPIs marcaram o dia de sexta-feira na Assembléia Legislativa. Segundo o regimento da Casa, apenas cinco comissões podem funcionar simultaneamente. A oposição acusa a base aliada de entupir a Mesa Diretora com requerimentos de assuntos que não afetam o governo, para impedir a investigação parlamentar sobre acidente nas obras da linha 4 do Metrô. Aliados negam a estratégia, e lembram que o PT manobra contra CPIs em Brasília.

Entre os deputados do Grande ABC, José Bittencourt (PDT), que chegou a ser vice-líder do governador Geraldo Alckmin (PSDB), chamou a atenção ao assinar dois requerimentos sustentados pela bancada de oposição.

O PT pediu o prosseguimento das apurações da CPI da Eletropaulo, e apoiou o deputado Sérgio Olímpio Gomes, o Major Olímpio (PV), que quer investigação sobre os contratos da Secretaria de Administração Penitenciária com ONGs. Os dois pedidos alcançaram as 32 assinaturas necessárias para a instalação. Os governistas apresentaram solicitações para CPIs da Guerra Fiscal, Bingos e da Cana-de-Açúcar, entre outras.

“O rolo compressor tucano começou. Além de manobrar pedindo CPIs de interesse diverso, fazem pressão contra os deputados para não assinarem os requerimentos de CPIs que não interessam”, acusou Mário Reali (PT-Diadema). “O PT dá aula de manobrar contra CPIs, já que acabou de fazer isso em Brasília com as investigações do apagão aéreo”, rebateu Orlando Morando (PSDB-São Bernardo).

Segundo o presidente Vaz de Lima (PSDB), a assessoria da Mesa Diretora irá verificar as assinaturas e documentos anexados a cada requerimento. “Na segunda-feira teremos uma posição sobre cada um dos pedidos de CPI.”

Caso ao menos cinco CPIs sejam instaladas, a investigação do Metrô só poderá acontecer depois que essas fossem encerradas. Até sexta-feira o PT só tinha conseguido 25 assinaturas para a CPI do Metrô.

O líder do PT, Simão Pedro, disse que a bancada tenta convencer parlamentares do PDT e PPS a assinarem o requerimento. Patrícia Lima (Prona) – a aliada do Dr. Enéas – também é assediada pelos dois lados. Com 32 assinaturas, a oposição irá pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a CPI do Metrô passe na frente das outras.

A CPI da Administração Penitenciária pretende apurar contratos do Estado entre 2001 e o ano passado. Das irregularidades citadas pelo deputado Major Olímpio, destacam-se pagamentos a ONGs de diárias de presos que cumpriam indulto e estavam fora das cadeias. “Foram desviados milhares e milhares de reais”, acusou o parlamentar.