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Dia de feira e de Azulão no Anacleto Campanella
Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
21/03/2010 | 07:33
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"Moça bonita não paga, mas também não leva. Olha a banana. Fresquinha!" Seguramente gritos semelhantes a esses serão ouvidos pelos torcedores do São Caetano quando se aproximarem do Anacleto Campanella para prestigiar o duelo com o Oeste, às 11h de hoje, pelo Paulistão. Coincidentemente, o jogo será exatamente no horário de pico da tradicional feira livre que acontece nos arredores do estádio.

Aliás, a concorrência pelo público será grande. De um lado o Azulão, que não vem encantando, mas tem a seu favor o longo tempo longe de casa - a equipe não joga no Anacleto desde o dia 21, quando venceu o Mogi Mirim por 1 a 0. Do outro a feira com a tradicional dupla pastel/caldo de cana.

Para atrair os torcedores, o técnico Roberto Fonseca promete equipe em busca da vitória. "Estamos distantes do G-4, mas vamos lutar enquanto tivermos chances e vencer em casa é fundamental. Além disso, estamos na briga pelo título do Troféu Interior", ressalta o treinador, referindo-se à disputa entre as quatro melhores equipes do Interior, excluindo-se as que estiverem classificadas para a semifinal.

Fonseca tem duas dúvidas. No meio-campo, o titular Fernandes pode perder a vaga para Luciano Mandi. Já no ataque, Wanderley pode ser trocado por Hugo ou Fábio, que se recuperaram de contusões e estão à disposição. "Temos boas alternativas, mas ainda não decidi", despista o treinador, que já antecipou a volta do zagueiro Anderson Marques no lugar do suspenso Marcelo Batatais.

Oeste - O time de Itápolis luta por vaga na Série D do Brasileiro - direito garantido às três melhores equipes, excluindo os participantes das Séries A, B e C. Para isso, o técnico João Ricardo não terá o lateral-esquerdo Fernandinho e o volante Rivaldo, lesionados. Mário e Gláucio são os substitutos.

Vida sofrida na roça ensina Artur a conviver com alta temperatura
Para a maioria dos jogadores, atuar sob sol forte, às 11h, será enorme desafio. Mas não para o lateral-direito Artur, do São Caetano.não. Longe de ser algum tipo de homem de ferro, mas as dificuldades impostas pela vida desde a adolescência serviram como armadura e o jogador aprendeu a conviver com altas temperaturas. E é essa experiência que ele empresta ao Azulão, hoje, contra o Oeste, no Anacleto Campanella.

Ex-lavrador, Artur, 25 anos, começou tarde a carreira no futebol. Descoberto por acaso, em jogo de várzea, se profissionalizou há apenas três anos pelo Vitória da Conquista, equipe baiana, da sua terra-natal. Cidadão de Ibititá, distante 450 quilômetros de Salvador, ajudava a família na colheita de feijão, milho e mamona. Enfrentava dias com mais de 40º C quando acostumou-se ao sol escaldante. "Acho que baiano em geral já nasce adorando calor. Para mim é até melhor entrar em campo sob sol forte. Me aqueço mais rápido e ganho motivação. Quanto mais quente melhor", garante o lateral, que deixou os pais e quatro irmãos em Ibititá.

Artur conta que presenciou companheiros na roça com problemas por conta do calor. "Tinha dia que era demais, não sabia a temperatura, mas alguns chegavam a vomitar de tão quente. Ainda mais na colheita do feijão, que precisava ser embaixo de sol forte, sem proteção, para facilitar o trabalho", lembra o jogador, que antes de chegar ao Azulão passou por Central de Caruaru, de Pernambuco, e Mirassol, time pelo qual disputou o Paulista do ano passado. "Lá também era quente demais, lembrava a Bahia" compara.

No Azulão desde a Série B de 2009, aos poucos cavou seu espaço. Era a quarta opção na zaga até que o ex-técnico Antonio Carlos resolveu improvisá-lo na lateral. "Fui bem e jogo nesta função até hoje, já faz quase um ano. Estou adaptado", revela, feliz com a mudança de vida.

Para o jogo contra o Oeste, hoje, Artur tem a receita ideal. "Não podemos correr errado. Temos de valorizar a posse de bola para não se desgastar à toa. O horário é ruim, mas o time é experiente e saberá lidar com isso. Independentemente de qualquer coisa precisamos vencer", ressalta.




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